Enfrentamento das superbactérias
O ácido poliáltico, substância presente no óleo de copaíba, apresenta efeitos antibacterianos e pode ser utilizado no desenvolvimento de medicamentos alternativos que podem contribuir para o enfrentamento das superbactérias, as bactérias que desenvolveram resistência aos antibióticos atuais.
Nessa corrida para desenvolver novos antibióticos, o uso de plantas na produção de novos fármacos tem-se mostrado uma alternativa importante e promissora.
Foi com esse intuito que uma equipe de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos decidiu estudar o óleo de copaíba, uma medicamento tradicional, conhecido em todo o Brasil, que apresenta propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias, leishmanicidas e antimicrobianas.
Já se sabia que o óleo de copaíba, extraído da árvore Copaifera reticulata Ducke, apresenta esses efeitos graças a compostos conhecidos como sesquiterpenos e diterpenos - entre eles o ácido poliáltico.
Durante a pesquisa, foram sintetizados compostos análogos ao ácido poliáltico que ocorre naturalmente no óleo, adicionados de modificações estruturais para aumentar sua atividade. Os efeitos antibacterianos foram testados em biofilmes de Staphylococcus epidermidis, causadora de infecções de pele e digestivas, e em bactérias gram-positivas (Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium, S. epidermidis e Staphylococcus aureus). A equipe também determinou a concentração inibitória mínima contra células bacterianas planctônicas (que vivem livre em meio líquido).
Comparação com antibióticos atuais
Os testes comparativos com o ácido poliáltico original e com o fármaco mais utilizado clinicamente hoje mostraram que os compostos sintetizados pela equipe foram capazes de erradicar significativamente o biofilme de S. epidermidis, além de mostrar atividade relevante contra todas as bactérias gram-positivas testadas. Apesar de a atividade observada ter sido menor que a do fármaco atualmente prescrito pelos médicos, os resultados reforçam a importância de testes adicionais in vitro e in vivo com a substância.
"A vantagem de estudarmos o ácido poliáltico é que já há estudos mostrando que alguns terpenos não perdem sua atividade e, portanto, seu uso contínuo não faz com que as bactérias desenvolvam resistência," disse a professora Cássia Mizuno, membro da equipe.
O próximo passo será produzir mais derivativos com outras partes da molécula de ácido poliáltico do óleo de copaíba, melhorar sua atividade e, com isso, despertar o interesse da indústria farmacêutica na continuação da pesquisa.
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