Uma análise da tosse de uma criança pode indicar se ela está com pneumonia ou não.
A descoberta, feita por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, promete levar o diagnóstico rápido da doença para os postos de saúde e para pontos remotos, onde a assistência médica é deficiente.
Udantha Abeyratne e seus colegas desenvolveram uma técnica simples, que consiste em gravar a tosse da criança com um microfone e analisar o som em um programa de computador.
Informações na tosse
Sempre se soube que a tosse é um dos principais sintomas da pneumonia.
O que não se sabia é que a tosse carrega informações vitais sobre a parte inferior do aparelho respiratório, particularmente da consolidação dos pulmões e das secreções.
Os pesquisadores descobriram que a infecção altera as propriedades acústicas da tosse de uma forma tal que permite identificar características específicas da pneumonia.
Os pesquisadores utilizaram o diagnóstico clínico global feito por pediatras em hospitais bem aparelhados para validar a análise do som da tosse das crianças.
Os resultados mostraram que, usando unicamente a análise dos sons da tosse, a nova técnica permite identificar a pneumonia com sensibilidade superior a 90%, o que significa que o exame identifica a maioria dos pacientes que realmente têm pneumonia.
Além disso, há uma taxa de falsos positivos mais baixa do que a gerada pelo algoritmo usado pela Organização Mundial da Saúde em regiões carentes de recursos.
"A tecnologia, em sua versão mais simples, exigirá entre 5 e 10 sons de tosse e fornece um diagnóstico imediato automaticamente, sem a necessidade de contato físico com os pacientes. Tal sistema, se for bem-sucedido, deverá representar uma mudança de paradigma no campo do diagnóstico da pneumonia em regiões remotas," escreveram os pesquisadores no artigo que descreve a descoberta, publicado na revista Annals of Biomedical Engineering.
Diagnóstico de pneumonia
A pneumonia é uma das principais causas de morte de crianças ao redor do mundo, a grande maioria delas ocorrendo em regiões com poucos recursos, como a África Subsaariana, o Sul da Ásia e áreas remotas da China.
A falta de laboratórios e pessoal treinado nessas regiões dificulta o diagnóstico e tratamento adequado da pneumonia na infância.
No momento, líderes comunitários nessas regiões utilizam um algoritmo clínico simples proposto pela Organização Mundial da Saúde para diagnosticar a doença.
No entanto, existem algumas limitações, incluindo a alta taxa de resultados falsos positivos, que leva ao excesso de prescrição de antibióticos, aumentando a incidência do desenvolvimento de resistência a esses medicamentos e o surgimento de superbactérias.
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