Teste de vacina contra zika
Pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), da Fiocruz Minas e da Universidade George Washington (EUA) estão participando de um estudo clínico de fase 2/2b de uma vacina experimental contra a infecção pelo vírus zika.
Chamada de "vacina de DNA contra zika", o fármaco experimental já foi testado em seres humanos nos EUA, e o estudo clínico foi aprovado pelos comitês de ética e agências regulatórias nacionais e internacionais. Agora, será avaliada numa população expandida com a finalidade de estudar novos dados sobre a sua eficácia e segurança.
Para essa nova fase, serão recrutados voluntários sadios, entre 15 e 35 anos, que morem na região metropolitana de Belo Horizonte e que tenham disponibilidade para participar do estudo pelos próximos dois anos.
A vacina é feita com parte do material genético do vírus, tendo sido projetada para produzir anticorpos capazes de promover uma resposta contra a infecção pelo vírus zika.
Treinamento e certificação
Os voluntários serão selecionados após a realização de uma avaliação clínica e de exames laboratoriais que serão oferecidos gratuitamente pela equipe do Hospital das Clínicas da UFMG. Já a Fiocruz Minas ficará responsável pelo processamento do sangue e urina de todos os participantes da pesquisa, que serão testados para avaliar a eficácia, a resposta imune e os efeitos da vacina no organismo.
"Faremos o processamento e armazenamento das amostras dos participantes. Um dos objetivos do estudo é verificar se a vacina induz anticorpos que protejam contra o vírus zika", explicou o pesquisador Rodrigo Corrêa Oliveira.
Isto trabalho exigiu um treinamento rigoroso e a certificação dos profissionais brasileiros. "É uma atividade que envolve uma série de protocolos a serem seguidos e, por isso, requer todo um preparo. No Brasil, pouquíssimas pessoas estão autorizadas a desenvolver esse tipo de processamento de amostras", afirma o pesquisador Jeffrey Michael Bethony, da Universidade de George Washington, que há cerca de 15 anos desenvolve projetos em parceria com a Fiocruz Minas como pesquisador visitante.
Zika
A zika é uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, como o Aedes aegypti. Entre os sintomas podem estar erupção cutânea, acompanhada de coceira intensa, bem como febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido (olhos vermelhos e lacrimejantes), dor nas articulações, dor muscular e dor de cabeça. A doença apresenta evolução benigna, e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após três a sete dias.
Entretanto, embora a infecção pelo vírus zika possa passar sem causar grandes transtornos, os casos confirmados de microcefalia indicam que as mães foram infectadas pelo vírus nos primeiros meses de gravidez. A criança é considerada portadora de microcefalia quando seu perímetro cefálico é menor do que 32 cm. Estudos indicam também uma ligação entre o zika e a Síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que provoca fraqueza muscular e paralisia que, nos casos mais graves, pode colocar a vida do paciente em risco.
Ainda não há cura ou vacina para prevenir a infecção pelo zika. A principal medida de prevenção, atualmente, é o controle dos mosquitos transmissores.
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