18/01/2023

Novo estudo contesta teoria de amiloides como causa de Alzheimer

Redação do Diário da Saúde
Novo estudo contesta teoria de amiloides como causa de Alzheimer
As pesquisas sobre Alzheimer têm cada vez mais escapado da chamada "hipótese amiloide", que credita a doença às placas formadas no cérebro, uma abordagem que nunca gerou um medicamento eficaz.
[Imagem: Tufts University]

Hipótese amiloide

Mais um estudo contesta as ideias prevalecentes no meio científico de como o acúmulo de uma proteína chamada beta-amiloide (Aβ) no cérebro se relaciona à doença de Alzheimer.

Embora o acúmulo de proteína amiloide tenha sido associado à neurodegeneração relacionada ao Alzheimer, pouco se sabe sobre como a proteína se relaciona com o envelhecimento normal do cérebro, destaca o professor Caleb Finch, da Universidade Sul da Califórnia (EUA). Como não sabemos como esse acúmulo se dá normalmente, é questionável dizer que esse acúmulo em pessoas com Alzheimer seria o responsável pela doença.

Para tentar esclarecer esta dúvida, a equipe do Dr. Finch se dedicou então a analisar amostras de tecido de cérebros saudáveis e de cérebros de pacientes com demência.

A análise revelou que cérebros mais velhos e cognitivamente saudáveis apresentam quantidades semelhantes de proteína amiloide solúvel e não fibrilar em comparação com os cérebros de pacientes com Alzheimer.

Mas, como os pesquisadores esperavam, os cérebros dos pacientes com Alzheimer apresentaram maiores quantidades de fibrilas Aβ, a forma de proteína amiloide que se agrega para formar as "placas" observadas na doença.

Estes resultados contestam a ideia de que simplesmente ter quantidades mais altas de proteína amiloide em geral seria uma causa subjacente da doença de Alzheimer, afirmam os pesquisadores - este indicador é usado por inúmeros exames em desenvolvimento para tentar detectar a doença neurodegenerativa.

Em vez disso, o aumento de Aβ pode ser uma mudança geral relacionada ao envelhecimento no cérebro, não específica da doença de Alzheimer, enquanto níveis mais altos de amiloide fibrilar parecem ser um indicador melhor de pior saúde cerebral.

É mais complicado

A hipótese levantada pela equipe é que, ao invés de a doença de Alzheimer ser simplesmente causada por uma produção aumentada da proteína Aβ, a questão mais importante pode ser uma capacidade reduzida do cérebro de efetivamente limpar o cérebro, eliminando a proteína e evitando a criação de amiloide fibrilar, que acaba se transformando em placas.

Assim, a tarefa a seguir passa a ser aprender mais sobre como o cérebro processa e remove proteínas como a Aβ, o que poderá fornecer informações importantes sobre a doença de Alzheimer e suas causas.

O Dr. Finch observa que pouquíssimos casos de demência ocorrem com placas amiloides, ou massas de proteína Aβ agregadas, como a única patologia presente no cérebro dos pacientes afetados. Em vez disso, a maioria dos casos apresenta anormalidades teciduais mais complicadas, desde o acúmulo de tipos adicionais de proteína até pequenos sangramentos no cérebro.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Amyloid futures in the expanding pathology of brain aging and dementia
Autores: Max A. Thorwald, Justine Silva, Elizabeth Head, Caleb E. Finch
Publicação: Alzheimer's & Dementia
DOI: 10.1002/alz.12896
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