Biodisponibilidade
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo está usando a nanotecnologia para tentar aumentar a eficácia dos antirretrovirais, medicamentos usados no tratamento da AIDS.
O objetivo é converter remédios líquidos em uma forma particulada seca - um pó extremamente fino, cujas partículas são medidas em nanômetros.
Os agentes antirretrovirais costumam apresentar inconvenientes em relação à biodisponibilidade, termo usado em farmacologia para descrever a quantidade e a velocidade na qual o princípio ativo é absorvido e fica disponível para atuação no organismo.
Segundo o engenheiro químico Adriano Marim de Oliveira, responsável pelo projeto no IPT, o maior problema enfrentado pelos medicamentos em estudo é o "ataque" feito pelo suco gástrico do estômago.
"O esperado é o paciente ingerir o medicamento e os ativos serem absorvidos no intestino, chegando à corrente sanguínea e às regiões afetadas", explica o pesquisador. "Porém, a presença de ácido no suco gástrico do estômago acaba por degradar parte deles e impedir sua chegada na totalidade ao intestino".
Polímeros inteligentes
Uma das saídas empregadas pela indústria farmacêutica é a adição de uma solução tampão na composição do medicamento, a fim de minimizar a variação do valor do pH no estômago - mas essa solução aumenta o tamanho dos comprimidos e dificulta a sua ingestão.
Para auxiliar a solucionar o problema, o projeto do IPT está estudando o uso de polímeros "inteligentes", que são sensíveis às variações de acidez e alcalinidade, para encapsular o ativo antirretroviral.
O medicamento é solidificado usando uma tecnologia chamada secagem por aspersão (spray drying).
Os ensaios incluíram estudos com placebo e a análise de seis materiais poliméricos sensíveis a variações de pH, entre polímeros naturais (goma arábica, carboximetilcelulose e alginato) e sintéticos, da família dos acrilatos, todos comumente empregados na indústria farmacêutica.
Zidovudina
Concluída a etapa de ensaios em placebo, os testes se voltaram ao uso de um ativo modelo - uma vitamina B solúvel em água -, que funcionou como um substituto das matérias-primas originais de alto custo usadas no tratamento da doença.
Com o sucesso nessa etapa, a equipe partiu para o trabalho com um medicamento real.
A opção foi pela zidovudina, ou AZT, o mais empregado na fabricação de medicamentos para tratamento da AIDS.
Os pesquisadores esperam que, com a publicação dos seus resultados em revistas científicas, a nova técnica possa chamar a atenção da indústria, para que a nova técnica possa ser usada na prática.
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