Remédio que fazia mal
As altas doses de estrôncio, um elemento químico presente em um medicamento receitado por muito tempo para tratamento da osteoporose, mas agora já retirado de linha, na verdade resultavam em enfraquecimento dos ossos.
Esta foi a conclusão da pesquisadora Camila Tovani e seus colegas da USP de Ribeirão Preto.
"A osteoporose é uma das doenças que mais afeta a população idosa, e trazer a discussão sobre a dose dos remédios administrados e as condições de cada paciente é importante para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas," justificou Camila.
A pesquisadora analisou a influência do elemento químico estrôncio, em sua forma iônica (Sr2+), na formação óssea utilizando modelos biomiméticos, ou seja, que imitam a estrutura e a composição do tecido in vivo.
Os resultados mostraram que altas concentrações de estrôncio podem promover a desestabilização dos principais componentes ligados à formação dos ossos, o que explica o desenvolvimento de patologias associadas ao acúmulo deste elemento no tecido.
Ranelato de estrôncio
De acordo com a pesquisadora, o ranelato de estrôncio era um fármaco amplamente prescrito para pacientes com osteoporose, doença caracterizada pela perda progressiva da massa óssea, e que inspirou o uso do elemento químico em diversos tratamentos da doença.
O fármaco não foi descontinuado por estes efeitos reversos sobre os ossos, mas devido a efeitos colaterais, como doenças cardiovasculares, relacionados à necessidade de administração em alta dosagem. De fato, o efeito do medicamento na estrutura da hidroxiapatita, o mineral presente nos ossos, não havia sequer sido investigado.
Questionada sobre os impactos de sua descoberta, Camila afirma esperar que novos fármacos contendo estrôncio, que resultem em efeitos positivos sobre o tecido ósseo em baixa dosagem, possam ser desenvolvidos. Este íon pode auxiliar na regulagem de células importantes para manutenção da estrutura óssea e não deve ser descartado como possibilidade de terapia. Apenas o excesso de dosagem deve ser evitado.
Além disso, a pesquisa pode ajudar a estudar o papel de outros elementos químicos sobre a saúde.
"O modelo biomimético desenvolvido por nós, em Ribeirão Preto, e em parceria com a pesquisadora Nadine Nassif, da Universidade Sorbonne, na França, pode ser usado para investigar o efeito de outros elementos químicos, auxiliando no estudo de diversas doenças que atingem o tecido ósseo", comentou Camila.
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