Anti-inflamatórios não-esteroidais
Os cientistas sabem há décadas que a inflamação acompanha as lesões cerebrais da doença de Alzheimer.
Vários estudos sugeriram que "super-aspirinas", ou anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), poderiam ajudar a evitar essa inflamação e combater a doença.
No entanto, depois que os ensaios clínicos mostraram que os AINEs não ajudam os pacientes que já têm sintomas de Alzheimer, os médicos se perguntaram se essas drogas ainda poderiam ser úteis para as pessoas em risco de desenvolver a demência, mas ainda não apresentam sintomas.
Para testar essa hipótese, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade McGill (Canadá) desenvolveram uma nova abordagem para testar a prevenção da doença de Alzheimer e a utilizaram para testar se o AINE naproxeno poderia de fato interromper a doença antes que as pessoas desenvolvessem sintomas.
Infelizmente, os resultados não foram nada animadores, de acordo com o relatório que acaba de ser publicado na Neurology, a revista médica da Academia Norte-americana de Neurologia.
A decepção vem se somar a uma série de ensaios clínicos de fármacos experimentais, principalmente baseados na chamada "hipótese amiloide", que não mostraram benefícios contra o Alzheimer, além de gerar uma série de efeitos colaterais negativos - na verdade, algumas drogas em testes contra Alzheimer pioraram a saúde dos pacientes.
Falha medicamento contra Alzheimer
Em uma amostra experimental de 200 pessoas (100 atribuídas ao naproxeno e 100 ao placebo), os resultados do ensaio clínico INTREPAD mostraram mudanças reais ao longo do período experimental de dois anos.
No entanto, não houve evidência de que as alterações neurológicas que caracterizam o Alzheimer tenham se reduzido naqueles que tomaram naproxeno. "Os efeitos colaterais habituais estavam lá, mas não houve a menor sugestão de qualquer benefício," disse o Dr. Pierre-François Meyer.
"Achamos que este é o fim do caminho para o uso de AINEs para o tratamento ou prevenção da doença de Alzheimer, e sugere a necessidade de cautela sobre o uso de outros medicamentos anti-inflamatórios para este fim," acrescentou o Dr. John Breitner, coordenador do ensaio clínico. "O mundo precisa desesperadamente de uma maneira de evitar essa doença horrível e muitos outros caminhos estão sendo investigados".
Nesse processo, os pesquisadores argumentam cada vez mais fortemente sobre a importância de publicar resultados de testes negativos ou "nulos" como este, para evitar desperdício de esforços e recursos e evitar falsas esperanças.
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