Sobrediagnóstico do câncer de próstata
Cientistas analisaram os dados sobre a incidência e a mortalidade por câncer de próstata em 26 países entre 1980 e 2020.
Suas conclusões são que os diagnósticos aumentaram muito devido ao uso generalizado do teste de PSA (antígeno prostático específico), mas as taxas de mortalidade não se beneficiaram desse aumento nos diagnósticos, relatam Salvatore Vaccarella e colegas da equipe internacional que fez a análise.
Assim, em lugar dos tão aclamados benefícios dos exames de rotina, o que os dados apontam é para o sobrediagnóstico, ou seja, resultados falsos positivos ou a detecção de tumores inofensivos, que não causarão sintomas, morte ou mesmo redução da expectativa de vida do paciente.
"O estudo é de boa qualidade. O rastreamento em massa para o câncer de próstata com PSA produziu apenas mudanças na incidência da doença, pouca ou nenhuma mudança na mortalidade pelo câncer de próstata e não teve efeito na mortalidade por todas as causas (mortalidade geral), uma vez que não aumenta a expectativa de vida," comentou o Dr. Marcos Luján Galán, especialista em câncer de próstata.
A recomendação é que o rastreio para o câncer de próstata tente escapar das limitações do PSA e do toque retal, este já considerado por alguns como uma "relíquia clínica", eventualmente incluindo testes que reduzam o sobrediagnóstico, como o uso de ressonância magnética.
"Esse sobrediagnóstico traz riscos, como tratamentos desnecessários, qualidade de vida prejudicada e uso ineficiente dos recursos de saúde. Esta análise é particularmente relevante para a possível implementação de programas de rastreamento de câncer de próstata de âmbito populacional. Se sua introdução for considerada no futuro, tais programas devem ser cuidadosamente projetados para minimizar e monitorar os efeitos adversos do sobrediagnóstico na população," disse o professor Rafael Gragera, do Instituto Catalão de Oncologia (Espanha), que não participou do estudo.
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