Vacinas contra covid-19
Já estão autorizados pela Anvisa e em andamento os testes no Brasil de duas candidatas a vacina contra o SARS-CoV-2, o vírus causador da covid-19.
Embora 18 das mais de 140 formulações criadas a partir de diferentes pesquisas já estejam sendo testadas em seres humanos, a OMS considera que as duas versões testadas no Brasil são aquelas em estágio mais avançado.
Os testes são conhecidos como ensaios clínicos de fase 3, cujo objetivo é avaliar a eficácia da vacina em um grande grupo de voluntários.
Uma das vacinas, que atende pelo complicado nome de ChAdOx1 nCoV-19, foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e licenciada para o laboratório AstraZeneca. A outra, chamada Coronavac, é fruto do trabalho feito pela empresa chinesa Sinovac Biotech, que firmou um acordo com o Instituto Butantan.
Tanto a Coronavac quanto a ChAdOx1 nCoV-19 parecem ser capazes de induzir tanto a produção de anticorpos neutralizantes quanto a chamada imunidade celular, que é o treinamento de tipos específicos de linfócitos para que se tornem capazes de reconhecer e atacar as células infectadas pelo SARS-CoV-2.
Por ser um dos locais onde o novo coronavírus mais circula atualmente e onde mais casos de covid-19 são confirmados todos os dias, o Brasil se converteu no local ideal para estudos de eficácia de vacinas e, em breve, outras potenciais candidatas devem aportar por aqui.
Várias vacinas
Apesar da pressa e do ritmo acelerado dos esforços, pesquisadores afirmam que não se trata meramente de uma corrida para ver qual será a melhor vacina ou qual conseguirá obter primeiro a aprovação das agências reguladoras - a avaliação é que, quanto mais vacinas se mostrarem capazes de oferecer proteção, ainda que parcial, mais chance a humanidade terá de transformar a covid-19 em uma doença passível de ser controlada, como a gripe.
"Ter várias vacinas contra a covid-19 aprovadas pode ser útil, pois é possível que a melhor estratégia para induzir uma resposta imune protetora seja combinar várias formulações. Além disso, todos esses estudos em andamento nos permitem aprender mais sobre a resposta imune contra o SARS-CoV-2. Entender como essas vacinas protegem pode nos dar uma ideia mais clara de qual é o marcador de proteção contra a covid-19, o que pode acelerar estudos futuros," disse o professor Esper Kallás, coordenado no Brasil do ensaio de fase 3 com a Coronavac.
Quando ficará pronta a vacina contra covid-19?
Os estudos clínicos em andamento preveem que os voluntários imunizados sejam acompanhados durante 12 meses. No entanto, é possível que um resultado preliminar seja anunciado antes do término do prazo.
"Se o número de casos entre os imunizados ficar em um patamar considerado satisfatório, um grupo independente de cientistas será chamado para fazer uma avaliação. Se concluírem que o resultado preliminar de eficácia foi estatisticamente significativo, poderá ser anunciado para o público," disse Ricardo Palacios, diretor médico de Pesquisa Clínica do Instituto Butantan.
O percentual de pessoas que a vacina precisa proteger para ser considerada eficaz, porém, é algo que ainda não está muito claro. A OMS recomenda algo entre 50% e 70%. Diretrizes recentes divulgadas pela FDA, agência reguladora norte-americana, determinam que, para poder obter registro nos Estados Unidos, o imunizante deve proteger ao menos uma em cada duas pessoas vacinadas (50%) - por outro lado, as autoridades norte-americanas têm aceito vacinas contra a gripe comum com apenas 20% de eficácia.
"Qualquer que seja a vacina aprovada, não vamos acabar com o coronavírus. Ele veio para ficar e vai nos acompanhar durante todas as nossas vidas. O objetivo das vacinas é proteger contra a doença e não contra a infecção. Se conseguirmos alcançar patamares de pelo menos 50%, evitamos o grande problema da sobrecarga no sistema de saúde e da demanda por cuidado intensivo. Assim, convertemos a covid-19 em algo controlável," avaliou Palacios.
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