29/03/2023

Cabeceadas na bola aumentam risco de demência em jogadores de futebol

Redação do Diário da Saúde
Cabeceadas na bola aumentam risco de demência em jogadores de futebol
Estudos mostram que cabecear frequentemente no futebol causa danos cerebrais e, mesmo em jogadores amadores, pode prejudicar o cérebro.
[Imagem: Leggero/Pixabay]

Riscos de cabecear a bola

Vários estudos demonstraram que esportes que envolvem golpes repetidos na cabeça (como boxe, rúgbi ou hóquei no gelo) podem aumentar o risco de demência ou doença neurodegenerativa.

No caso do futebol, o esporte mais popular, algumas evidências também apontam para essa associação devido às cabeceadas na bola, embora os resultados dos estudos até o momento tenham sido objeto de debate entre médicos e cientistas.

Para tentar esclarecer a questão, uma equipe do Instituto Karolinska (Suécia) fez um estudo de grandes proporções, envolvendo mais de 6.000 jogadores de futebol masculino da primeira divisão do país, coletando informações de jogadores que atuaram entre 1924 e 2019.

Os resultados indicam que esses jogadores apresentam 1,5 vez mais chances de desenvolver uma doença neurodegenerativa do que com a população que não pratica futebol.

Especificamente, 8,9% dos jogadores de futebol desenvolveram uma doença neurodegenerativa, uma porcentagem significativamente maior do que a população em geral, que atingiu 6,2%. O risco de doença de Alzheimer ou outras demências aumentou significativamente entre os jogadores de futebol, mas não houve diferenças no risco de outras doenças, incluindo doença de Parkinson ou esclerose lateral amiotrófica.

Um resultado muito importante do estudo é que esse risco aumentado não ocorreu nos 510 goleiros estudados, que tendem a bater menos na bola com a cabeça. Isso reforça a hipótese de que as cabeceadas repetidas são as responsáveis pelo aumento do risco de Alzheimer e doenças neurodegenerativas.

Proteção aos jogadores jovens

Segundo os pesquisadores, considerando que o exercício físico é um fator protetor para o desenvolvimento de qualquer tipo de demência, a associação entre cabecear a bola e desenvolver doenças neurodegenerativas pode estar subestimada, já que os jogadores estão mais protegidos por não serem sedentários.

No entanto, deve-se lembrar que uma relação de causa e efeito não pode ser estabelecida em um estudo observacional como este. Outra limitação importante do estudo é que foram estudados apenas jogadores homens.

Mas a equipe ressalta que os resultados são suficientes para fazer a sociedade refletir sobre a necessidade de minimizar as repetidas cabeçadas no esporte, mesmo que sejam de baixa intensidade. Isso é especialmente importante na infância e na adolescência, onde o cérebro ainda está se desenvolvendo.

Assim, uma primeira medida preventiva poderia ser o uso de capacetes protetores pelos jogadores mais jovens, ou mesmo o banimento da cabeceada nas regras para as categorias sub-20, por exemplo.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Neurodegenerative disease among male elite football (soccer) players in Sweden: a cohort study
Autores: Peter Ueda, Björn Pasternak, Carl-Emil Lim, Martin Neovius, Manzur Kader, Magnus Forssblad, Jonas F Ludvigsson, Henrik Svanström
Publicação: Lancet Public Health
DOI: 10.1016/S2468-2667(23)00027-0
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