Aducanumabe
Quando a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) concedeu a controversa aprovação acelerada ao primeiro medicamento para Alzheimer em quase 20 anos, isso teve um impacto surpreendente nas atitudes em relação às pesquisas científicas da doença.
A aprovação envolveu o aducanumabe, da empresa Biogen, um fármaco voltado para tratar as placas amiloides que se verificam no cérebro dos pacientes em exames post mortem.
Acontece que a comunidade científica está se afastando cada vez mais da teoria sobre a ligação entre as placas amiloides e o Alzheimer, com estudos mais recentes apontando que as proteínas beta-amiloide podem ter efeito benéfico para o cérebro.
Uma pesquisa realizada por neurocientistas da Universidade da Califórnia de Irvine descobriu agora que a aprovação controversa, com vários médicos e cientistas contestando a decisão, tornou o público menos disposto a se voluntariar para testes farmacêuticos envolvendo novos medicamentos para Alzheimer.
"Qualquer coisa que diminui a credibilidade na pesquisa científica impede nosso progresso," disse o professor Joshua Grill, coordenador da pesquisa.
Controvérsia sobre o aducanumabe
O aducanumabe é um anticorpo monoclonal destinado a reduzir as placas de amiloides beta que se acumulam em pessoas com a doença.
Outro fármaco da mesma família, chamado solanezumab, da farmacêutica Eli Lilly, foi abandonado em 2016 depois de ter falhado nos testes.
As controvérsias começaram quando um painel de especialistas desaconselhou a aprovação do fármaco pela FDA, dizendo que a capacidade do aducanumabe de diminuir as placas não mostrou impacto na progressão clínica da doença. O controverso aval da agência e mais discordância sobre a rotulagem e o preço da droga atraíram a atenção da mídia.
Não quero participar disso
Os pesquisadores conduziram seu estudo entre pessoas de 50 a 79 anos que já haviam expresso vontade de participar de pesquisas sobre medicamentos contra Alzheimer. Duas semanas antes da decisão da FDA, a equipe perguntou aos candidatos a voluntários se eles estariam interessados em se inscrever em um estudo hipotético de quatro anos de um anticorpo monoclonal redutor de placas beta-amiloide e de um medicamento para prevenção dessas placas, conhecido como inibidor BACE.
Oito dias depois que a FDA deu luz verde ao aducanumabe, a equipe voltou a procurar os participantes, com as mesmas questões, mas acrescentando uma nova seção sobre o anticorpo monoclonal e sua aprovação.
Os participantes que não haviam tomado conhecimento da aprovação controversa não modificaram suas intenções de participação. Aqueles que haviam lido sobre a questão, contudo, mostraram-se menos propensos a participar de testes de medicamentos similares no futuro.
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