Alternativa à hipótese amiloide
Uma equipe internacional de médicos e neurocientistas esboçou uma nova perspectiva sobre o processo de neurodegeneração, que pode levar a demências como a doença de Alzheimer.
Na verdade, esta é mais uma tentativa de fugir da encruzilhada da chamada hipótese amiloide, o paradigma vigente hoje entre os cientistas sobre as origens e causas da doença de Alzheimer, mas que nunca chegou a oferecer tratamentos eficazes.
As conclusões da equipe revisam as evidências de um mecanismo prévio às proteínas beta amiloide e seus aglomerados, incluindo o principal neuroquímico que impulsiona esse processo. A atenção centra-se em um grupo seletivo de neurônios, o núcleo isodendrítico, que têm uma origem diferente dos neurônios do resto do cérebro e são particularmente vulneráveis na doença de Alzheimer.
Os pesquisadores reconhecem que a amiloide é um fator significativo no Alzheimer avançado, mas observam que ela não está presente nesses neurônios nas fases iniciais da doença. Se ocorrerem danos a esses neurônios vulneráveis na idade adulta, eles responderão mobilizando um mecanismo de retaliação. E esse mecanismo, que normalmente promove o crescimento de neurônios em embriões e no início da vida, é prejudicial na idade adulta.
E hoje já sabemos que a molécula essencial que impulsiona esse processo é o peptídeo bioativo 14mer, ou T14, que ativa seletivamente um único receptor alvo. No cérebro maduro, em vez de restaurar a função normal, o T14 leva à morte de neurônios e inicia um efeito adverso de bola de neve que ganha impulso com o tempo.
Exame e terapêutica para Alzheimer
Os neurônios centrais isodendríticos, encontrados nas profundezas do cérebro, são responsáveis pela excitação e pelos ciclos de sono/vigília e não estão diretamente relacionados a funções superiores, como a memória. Consequentemente, o processo de degeneração pode continuar sem sintomas óbvios até que o dano se espalhe para áreas subjacentes à cognição.
Esta abordagem pode explicar o longo intervalo, de 10 a 20 anos, desde o início da perda neuronal até o aparecimento do comprometimento cognitivo no Alzheimer.
A equipe também destaca que o T14 pode ser detectado em uma fase muito precoce da doença de Alzheimer e, portanto, poderia ser uma indicação pré-sintomática de que a neurodegeneração começou. Isto significa nada menos do que a possibilidade de desenvolvimento de um biomarcador que possa indicar o surgimento do Alzheimer em um exame.
Nova estratégia terapêutica
Além disso, os pesquisadores descrevem como uma versão ciclada, chamada NBP14, pode atuar como bloqueador do T14. Experimentos já demonstraram que o NBP14 previne a disfunção da memória em um modelo de Alzheimer em camundongos e seu mecanismo de ação foi demonstrado em uma variedade de estudos, incluindo em tecido cerebral humano post mortem. Desse modo, o NBP14 poderia eventualmente inspirar uma nova estratégia terapêutica.
Agora é esperar que essas linhas alternativas de pesquisa ganhem reconhecimento dentro da comunidade científica e seus autores possam receber os financiamentos para que o conhecimento avance, eventualmente produzindo resultados, o que não tem acontecido com a hipótese amiloide, que já recebeu bilhões em financiamentos, mas não gerou os resultados esperados.
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