28/08/2023

Uso médico da meditação deve focar mais no Nós do que no Eu

Redação do Diário da Saúde
Uso médico da meditação deve focar mais no
Meditação ajuda a tomar melhores decisões.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Meditação no Ocidente

As práticas de atenção plena, ou meditação da mente alerta, derivam da filosofia oriental e do budismo, onde ela está integrada em uma estrutura ética mais ampla.

Nos últimos anos, contudo, cientistas de todo o mundo descobriram os efeitos inigualáveis dessa prática, que hoje é usada para incentivar as pessoas a fazerem uma pausa, a estarem totalmente presentes no momento e a explorarem como serem menos reativas ou sobrecarregadas com o que quer que esteja acontecendo ao seu redor e dentro delas mesmas.

No entanto, uma nova revisão dessa extensa literatura científica sobre o tema questiona a forma como a prática tem evoluído no Ocidente e como ela tem sido, em parte, distorcida pela comunidade de autoajuda.

Os dados indicam que, em vez de as pessoas usarem a atenção plena para se concentrarem em seu papel em relação aos outros, com mais frequência elas se concentram em si mesmas e no seu autoaperfeiçoamento, o que está em flagrante descompasso com aquela estrutura ética mais ampla de onde o conceito se origina.

"A prática oferece uma oportunidade importante em vidas sempre agitadas, para fazer uma pausa e refletir. Mas, muitas vezes, ela é apresentada como mais uma ferramenta para o autoaperfeiçoamento. Sugerimos que a atenção plena pode oferecer mais do que isso, dando às pessoas a oportunidade de 'olhar para fora de si mesmas', aprofundando o seu sentido de lugar dentro da natureza e a interligação com a sua comunidade," defende a professora Liz Marks, da Universidade de Bath (Reino Unido).

Visão mais ampla

A análise sugere que a abordagem científica está perdendo o significado mais amplo e as aplicações da atenção plena, o que faz perder os verdadeiros benefícios da prática no desenvolvimento de um sentido mais profundo de reflexão e conexão.

O que a equipe sugere é que, em vez de ver a prática da atenção plena como uma solução para "Como tornar a minha vida melhor", ela seja usada como uma prática de apoio para ajudar as pessoas a viverem bem face aos desafios da vida moderna, ao mesmo tempo que as ajuda a pensar sobre "Como podemos tornar o mundo um lugar melhor para todos nós?"

"Há um grande potencial para usar a atenção plena em uma série de condições de saúde, desde dor crônica até depressão. Em linha com o interesse crescente na prática, também tem havido uma proliferação de 'aplicativos de atenção plena' online. Precisamos garantir que estes aplicativos sejam combinados com programas totalmente testados e avaliados, aos quais as pessoas possam ter acesso e se beneficiar," disse a professora Pamela Jacobsen, membro da equipe.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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