29/10/2012
Técnica brasileira revoluciona tratamento de hemofílicos
Com informações da Agência USP
Hemofilia tipo A
Pesquisadores da USP, no Hemocentro de Ribeirão Preto, desenvolveram uma técnica capaz de revolucionar o tratamento de portadores da hemofilia do tipo A.
Trata-se do fator VIII recombinante (rhFVIII), produzido por meio de engenharia genética a partir de células humanas.
A hemofilia A é uma doença genético-hereditária que se caracteriza pela desordem no mecanismo de coagulação do sangue, com uma deficiência do fator VIII.
Estima-se que haja hoje no País cerca de nove mil pacientes que dependem desse tratamento.
Fatores de coagulação
Independente da gravidade da doença, o tratamento dos portadores de hemofilia tipo A é necessariamente feito pela reposição do fator VIII (concentrados de fatores de coagulação do sangue).
O fator VIII de coagulação oferecido à população no tratamento de hemofilia A pode ser obtido por dois métodos: pelo plasma humano ou por engenharia genética.
O Brasil importa medicamentos da França, investindo paralelamente em um projeto de plasma humano que não suprirá a necessidade dos hemofílicos brasileiros.
Mas o estudo do Hemocentro de Ribeirão Preto, cuja patente já foi requerida, criou uma tecnologia inédita para o tratamento de hemofilia A.
Engenharia genética
No Brasil, atualmente, o tratamento dos hemofílicos é realizado com os fatores VIII e IX purificados a partir do plasma de pessoas normais. Essa estratégia é inadequada por duas principais razões: o risco a infecções e a necessidade de uma grande demanda de plasma de doadores sanguíneos normais, sendo que a demanda disponível no momento é inferior a essa necessidade.
Com a nova técnica, células humanas modificadas geneticamente dão origem aos fatores de coagulação.
De acordo com o professor Dimas Tadeu Covas, a produção do rhFVIII será capaz de suprir a demanda necessária para garantir a qualidade de vida dos pacientes e conter os sangramentos, passando o país de importador de concentrados plasmáticos, originados da França e Itália, para exportador do produto.
10 vezes mais barato
Agora será necessário investir na nova tecnologia, para que ela possa chegar ao mercado a mudar a situação dos hemofílicos brasileiros.
Além das vantagens e de se tratar de uma tecnologia genuinamente brasileira, o investimento na nova tecnologia saíra 90% mais barato do que é feito hoje.
O investimento necessário para colocar uma unidade produtora de fator VIII Recombinante de grande porte para suprir a necessidade nacional, bem como colocar o país como exportador, fica em torno de 60 milhões de dólares.
Atualmente, o governo brasileiro apoia fábrica de fator VIII plasmático que não suprirá sequer 16% da necessidade da população, gastando cerca de 600 milhões de dólares.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=tratamento-hemofilicos
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