25/04/2018

Temperatura ambiente altera eficácia de inseticidas contra vetores da malária

Redação do Diário da Saúde

Calor afeta eficácia de inseticida

A temperatura ambiente tem um efeito marcante na toxicidade dos inseticidas mais usados para o controle da malária - na prática, o inseticida pode não funcionar.

A eficácia dos inseticidas não é determinada apenas pelo ingrediente ativo, mas também por outros fatores, incluindo a temperatura ambiente. No entanto, os testes de suscetibilidade são normalmente realizados em laboratórios com ar-condicionado, ou em insetários, com as condições de temperatura ideais para o mosquito - ambas quase sempre diferentes das condições reais onde o inseticida será aplicado.

Para aferir a diferença no efeito dos inseticidas entre os laboratórios e o mundo real, uma equipe do Instituto Barcelona para Saúde Global (Espanha) refez o teste padrão de resistência a inseticidas de cepas resistentes e não resistentes a inseticidas dos dois principais vetores da malária (Anopheles Arabiensis e Anopheles Funestus).

A toxicidade para os pernilongos do piretroide deltametrina e do carbamato bendiocarbe foi avaliada nas temperaturas de 18, 25 e 30º C - uma escolha ainda conservadora, já que os inseticidas são usados em regiões tropicais onde a temperatura chega fácil aos 40º C.

Temperatura afeta inseticidas

Os resultados mostraram que a temperatura afeta a toxicidade dos dois inseticidas, mas de maneira diferente: o bendiocarbe perdeu eficácia nas duas temperaturas mais altas para ambas as espécies de vetores, independentemente de serem resistentes ou suscetíveis.

As temperaturas mais altas também diminuíram a toxicidade da deltametrina para a Arabiensis suscetível, mas o inseticida se tornou mais eficaz no calor contra a variante resistente do Arabiensis e contra a variedade não resistente do Funestus. O butóxido de piperonilo (PBO), que inibe os mecanismos da resistência aos piretroides, restaurou a susceptibilidade à deltametrina em todas as temperaturas.

Krijn Paaijmans e seus colegas concluem que é preciso ter cuidado ao tirar conclusões sobre a eficácia de um produto químico a partir de ensaios laboratoriais realizados em apenas uma temperatura. Além disso, as temperaturas no campo podem variar consideravelmente durante um único dia.

"Realizar testes de eficácia com vetores locais e sob condições reais de campo, que reflitam a estação apropriada e o horário relevante do dia em que as substâncias químicas devem agir, pode render uma 'inteligência entomológica' mais precisa para a tomada de decisões baseada em evidências," disse Paaijmans.

Por isso, o estudo, publicado no Malaria Journal, enfatiza a necessidade de avaliar a eficácia desses inseticidas em condições reais de campo e de que sejam realizados outros experimentos com inseticidas contra vetores de outras doenças, como o Aedes aegypti.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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