04/11/2022 Telemedicina chegou para ficar, mas exige cuidados das autoridadesCom informações da Agência Fapesp
A equipe detectou prejuízos para os pacientes em determinados tipos de atendimento. [Imagem: DCStudio/Freepik]
Realidade a ser monitorada Os diversos usos da telemedicina, que despontaram como alternativa durante a crise sanitária causada pela covid-19, vieram para ficar e devem passar a fazer parte definitiva no sistema de saúde brasileiro E isso exigirá cuidado e atenção das autoridades de saúde, de modo a preservar a qualidade do atendimento médico. Esta é a conclusão de uma pesquisa feita com 1.183 médicos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Rainha Maria de Londres (Reino Unido). "A tecnologia trouxe muitas vantagens, mas não se trata de uma panaceia. É preciso regular e monitorar. Para determinados usos e especialidades pode haver perda de qualidade com o on-line. O atendimento não presencial significa muitas vezes um atendimento de baixa qualidade," afirma o Dr. Mário César Scheffer, um dos autores do estudo. Principais usos da telemedicina O estudo mostrou que a telemedicina foi mais frequentemente utilizada para conectar profissionais na discussão de casos clínicos (55%), em reuniões de serviço (48%) e na capacitação e atualização de conhecimentos (40%). Menos de um terço dos médicos declarou ter feito consultas e orientado pacientes, prática mais comumente conhecida como "teleconsulta". A telemedicina foi mais usada por médicos que trabalham no setor privado do que por profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os profissionais que trabalham na atenção primária, em serviços ambulatoriais e hospitalares do SUS, a telemedicina foi empregada majoritariamente em serviços que atendiam pacientes com covid-19. "Já entre os médicos que trabalham em consultórios e clínicas, atendendo planos de saúde e particulares, prevaleceu o uso da telemedicina para atendimentos de problemas de saúde não relacionados à covid-19," afirmou Mário. Outra abordagem importante foi o uso da telemedicina para atividades educacionais a distância, como cursos, palestras e fóruns de discussão. "Em casos de urgência sanitária, como foi a pandemia, ou mesmo problemas de saúde pública, também é possível usar a tecnologia para uniformizar e difundir diretrizes clínicas, consensos terapêuticos, orientações de vigilância e saúde pública, que estão em constante evolução," afirma Mário. Deficiências da telemedicina Os pesquisadores também apontaram os potenciais riscos do uso indiscriminado da telemedicina. "São necessários mais estudos, pois nossa hipótese é que, para determinados problemas de saúde e determinadas especialidades, a telemedicina não é uma forma eficaz de atendimento. Pode ser um auxílio, principalmente em triagens e orientações, mas há situações em que a relação médico-paciente presencial é insubstituível," disse o pesquisador. Outros pontos negativos da telemedicina comentados pelos autores são: Possíveis falhas na notificação de doenças, definição da remuneração dos médicos e questões éticas que envolvem, por exemplo, a segurança de dados sensíveis de pacientes atendidos on-line. Os pesquisadores ressaltam que há ainda muito a ser discutido. "A pandemia acelerou o uso da telemedicina e também mostrou o quanto a regulamentação precisa avançar. Nos preocupa, por exemplo, a forma como a telemedicina vem sendo explorada por planos de saúde e clínicas populares para vender serviços de menor preço e pior qualidade," concluiu o pesquisador. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=telemedicina-chegou-ficar-mas-exige-cuidados-autoridades A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |