22/02/2021

Superdose única de vitamina D não melhorou evolução de covid-19

Com informações da Agência Fapesp
Vitamina D não melhora evolução de pacientes com covid-19
O ensaio clínico foi conduzido por pesquisadores da USP com 240 voluntários, que receberam suplementação com 200 mil UI de vitamina D3 no momento da admissão hospitalar.[Imagem: Steve Buissinne/Pixabay]

Vitamina D e covid

Poderia uma alta dose de vitamina D administrada no momento da internação hospitalar melhorar a evolução de pacientes com covid-19 moderada ou grave?

A resposta é não, de acordo com um estudo brasileiro publicado pelo jornal da Associação Médica Norte-Americana.

"Estudos anteriores in vitro ou com animais mostraram que a vitamina D e seus metabólitos, em determinadas situações, podem ter efeito anti-inflamatório, antimicrobiano e modulador da resposta imune. Decidimos então investigar se uma dose alta da substância poderia ter efeito protetor no contexto de uma infecção viral aguda, seja reduzindo a inflamação ou diminuindo a carga viral," explicou a pesquisadora Rosa Pereira, coordenadora do projeto.

O ensaio clínico randomizado, duplo-cego e placebo-controlado - modelo considerado padrão-ouro para avaliar a eficácia de medicamentos - foi conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), contando com 240 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas e no Hospital de Campanha do Ibirapuera, entre junho e agosto de 2020.

Os voluntários foram divididos aleatoriamente em dois grupos: parte recebeu uma única dose de 200 mil unidades (UI) de vitamina D3 diluída em óleo de amendoim e, os demais, apenas o óleo de amendoim. Todos os participantes foram tratados com o protocolo hospitalar padrão, que envolvia antibióticos e anti-inflamatórios.

Os principais objetivos foram avaliar se a suplementação aguda teria impacto no tempo de internação dos doentes e se haveria redução do risco de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), intubação e morte.

Níveis ideais de vitamina D

Para nenhum dos desfechos clínicos avaliados foi observada diferença significativa entre os grupos. Pereira ressalta que o ensaio foi desenhado para avaliar principalmente o impacto no tempo de internação e que, para mensurar o efeito sobre a mortalidade de forma adequada, seria necessário um número maior de voluntários

"Até este momento, podemos dizer que não há indicação para ministrar vitamina D a pacientes que chegam ao hospital com a forma grave da covid-19," afirma a pesquisadora.

"Isso não significa, contudo, que o uso continuado de vitamina D não possa exercer alguma ação benéfica", ressalta o pesquisador Bruno Gualano, uma vez que este ensaio não avaliou o uso mais prolongado da vitamina D ou seu uso prévio à infecção com o vírus.

A equipe já está trabalhando em outro estudo que tem como objetivo avaliar se indivíduos com níveis suficientes de vitamina D circulantes no sangue lidam melhor com a infecção pelo SARS-CoV-2 do que aqueles com níveis insuficientes do nutriente.

O nível ideal de vitamina D no sangue e a dose diária que deve ser suplementada varia de acordo com a idade e as condições de saúde de cada indivíduo. Idosos e pacientes com doenças crônicas, entre elas a osteoporose, devem ter valores circulantes acima de 30 nanogramas por mililitro de sangue (ng/mL). Já para adultos saudáveis, valores acima de 20 ng/mL seriam aceitáveis.

"O ideal é analisar caso a caso, se necessário dosar periodicamente a substância por meio de exames de sangue e, se for o caso, repor o que falta", orienta.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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