16/06/2020

Substância de frutas brasileiras desarma superbactérias

Redação do Diário da Saúde
Substância de frutas brasileiras desarma superbactérias
Esta é a aroeira vermelha, que os pesquisadores chamam de "pimenta brasileira".[Imagem: Jenny Evans]

Aroeira vermelha

Compostos específicos de uma árvore brasileira, conhecida como aroeira vermelha (Schinus terebinthifolia) dão um golpe fatal nas superbactérias resistentes aos antibióticos, conhecidas como MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina).

Os ácidos triterpenoides presentes nas bagas vermelhas da planta "desarmam" as bactérias perigosas, bloqueando sua capacidade de produzir toxinas.

"Existe essa rica tradição sobre a pimenta brasileira na Amazônia, onde os curandeiros tradicionais usam a planta há séculos para tratar infecções da pele e tecidos moles," disse a professora Cassandra Quave, da Universidade Emory, que vem estudando a aroeira vermelha há vários anos.

Em 2017, a equipe de Quave publicou a descoberta de que uma mistura refinada e rica em flavonas de 27 compostos extraídos das bagas da pimenta brasileira inibe a formação de lesões na pele de camundongos infectados com MRSA. O extrato funciona não matando as bactérias MRSA, mas reprimindo um gene que permite que as células das bactérias se comuniquem umas com as outras, o que é essencial para que elas formem colônias, conhecidas como biofilme.

O bloqueio dessa comunicação impede que as células bacterianas adotem uma ação coletiva, impedindo-as de excretar as toxinas usadas para danificar os tecidos. O sistema imunológico do corpo tem então uma chance maior de curar uma ferida.

Ácidos triterpenoides

Agora, a equipe restringiu o escopo de 27 compostos principais das frutas para isolar os produtos químicos específicos envolvidos no desarmamento da MRSA.

Eles também usaram uma série de técnicas de química analítica, incluindo espectrometria de massa, espectroscopia de ressonância magnética nuclear e cristalografia de raios X, para obter uma imagem clara dos produtos químicos envolvidos no mecanismo antivirulência das bactérias.

Os dados mostraram que três ácidos triterpenoides funcionaram igualmente bem na inibição da capacidade da MRSA de formar toxinas, sem prejudicar as células da pele humana. E um dos ácidos triterpenoides funcionou particularmente bem na inibição da capacidade da MRSA de formar lesões na pele de ratos.

Os pesquisadores também demonstraram que os ácidos triterpenoides reprimiram não apenas um, mas dois genes que a MRSA usa para excretar toxinas.

A equipe planeja refinar os experimentos para testar os ácidos triterpenoides como tratamentos para infecções por MRSA em modelos animais. Se esses estudos forem promissores, o próximo passo será otimizar os compostos quanto à eficácia, entrega e segurança, a fim de preparar os primeiros testes em seres humanos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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