18/12/2014 Identificadas regiões neurais relacionadas com déficit de atençãoCom informações da Agência FAPESP
Pesquisadores da USP estão desenvolvendo técnicas estatísticas e computacionais para analisar grandes conjuntos de dados biológicos, como imagens de ressonância magnética do cérebro. [Imagem: Human Connectome Projec]
Computação Cerebral Um grupo de pesquisadores do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) está desenvolvendo técnicas estatísticas e computacionais para analisar grandes volumes de dados, como imagens de ressonância magnética do cérebro, a fim de identificar marcadores biológicos de disfunções neurológicas como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). "Há oito anos começamos a desenvolver técnicas que relacionam Estatística e Ciência da Computação para analisar conjuntos de dados em Neurociência e Biologia Molecular e tentar identificar marcadores biológicos mais objetivos e baseados em análises quantitativas de disfunções cerebrais", disse André Fujita, coordenador do projeto. De acordo com Fujita, as técnicas em desenvolvimento permitem comparar, em diferentes populações, a variabilidade das estruturas de agrupamento de dados biológicos, como as das redes neurais. Rede neuronal Já se sabia por meio de estudos realizados pelo mesmo grupo que a estrutura da rede neuronal dos pacientes diagnosticados com TDAH é diferente. Nessas pessoas, o cérebro apresenta uma desorganização do funcionamento dos circuitos neuronais, chamada entropia de rede. Agora, os pesquisadores usaram o método de análise estatística de variabilidade de estrutura de agrupamentos de dados biológicos para identificar regiões específicas do cérebro envolvidas com o transtorno que apresentam maior entropia de rede. Eles compararam imagens de ressonância magnética funcional (fMRI), feitas em oito países, do cérebro em estado de repouso de mais de 600 crianças e jovens, com idades entre 7 e 21 anos, com e sem diagnóstico de TDAH. A comparação das imagens cerebrais indicou que existem várias diferenças na estrutura de agrupamento do cérebro. As estruturas de agrupamento das sub-redes neurais que constituem as áreas dos giros pós-central, temporal superior e inferior do cérebro de pacientes com TDAH apresentaram entropia de rede estatisticamente mais elevada em comparação com crianças e adolescentes com desenvolvimento cerebral normal, apontou o método de análise estatística. Além disso, o método identificou diferenças em regiões do cérebro até então não relacionadas com o transtorno, como o giro angular - que contribui para a integração de informações e desempenha papel importante em muitos processos cognitivos -, afirmaram os autores do estudo. Transtorno neurobiológico Fujita estima que, no futuro, poderá ser possível diagnosticar o transtorno neurobiológico por imagens de ressonância magnética funcional do cérebro, comparando as estruturas das redes neurais. E que a nova técnica poderá ser aplicada a outros conjuntos de dados relacionados a outras condições. "O método que propomos também pode ser aplicado a outros conjuntos de dados biológicos de interesse, não apenas imagens de ressonância magnética funcional, como os de expressão de genes de pessoas diagnosticadas com câncer de mama", acrescentou. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=regioes-neurais-relacionadas-deficit-atencao A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |