10/02/2022

Questionada teoria de que consumo de carne guiou evolução humana

Redação do Diário da Saúde
Questionada teoria de que consumo de carne guiou evolução humana
Há cientistas que dizem que o consumo de carne vermelha eleva risco de morte em até 20%, mas também há cientistas que dizem que não há necessidade de reduzir o consumo de carnes. [Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

A carne nos tornou humanos?

A importância do consumo de carne na evolução humana está sendo questionada por um novo estudo feito por paleoantropólogos.

Há décadas, os cientistas aceitam como fato que uma mudança evolutiva em direção ao maior consumo de carne entre os hominídeos causou, há aproximadamente 2 milhões de anos, o surgimento do Homo erectus.

A biologia e a anatomia mais avançada dessa espécie, incluindo o grande tamanho do cérebro, e sua associação com grandes depósitos de ossos de animais marcados por cortes, representam a principal linha de evidência para a hipótese "A carne nos tornou humanos", tornando-a o saber científico consensual nos estudos sobre as origens da espécie humana.

Agora, novas análises indicam que os principais marcos evolutivos, incluindo um aumento no tamanho do cérebro e do corpo, uma redução no tamanho do intestino e nas proporções dos membros humanos modernos, não ocorreram devido ao aumento do consumo de carne. Ou, pelo menos, não há evidências que deem suporte a essa ideia.

Registros arqueológicos insuficientes

A equipe do professor Andrew Barr, da Universidade George Washington (EUA), analisou padrões temporais na quantidade de evidências publicadas de carnivoria de hominídeos entre 2,6 milhões e 1,3 milhão de anos atrás, em 59 locais nas principais áreas de pesquisa no leste da África.

Acontece que os resultados não mostraram aumento sustentado nos ossos de animais marcados por cortes relacionados ao aparecimento do H. erectus.

"Concordamos que o principal problema com a hipótese 'A carne nos tornou humanos' é que todos os registros fósseis e arqueológicos têm lacunas temporais ou períodos de tempo que são mais bem amostrados do que outros," comentou John Rowan, membro da equipe.

Segundo o pesquisador, o período logo após 2 milhões de anos atrás é "muito bem amostrado" no leste da África, especialmente no Quênia e na Tanzânia, enquanto o milhão de anos anterior é um dos mais mal conhecidos.

"Assim, consideramos possível que o aumento na evidência de carnivoria há cerca de 2 milhões de anos simplesmente reflita um registro empírico muito melhor amostrado, e não deva ser considerado pelo valor nominal como significando uma grande mudança nas dietas de nossos ancestrais.

"A lição para se levar para casa é que atualmente temos zero evidências de uma mudança na prevalência da carnivoria hominínea ao longo do tempo, incluindo o período em que o Homo erectus apareceu. Todos os 'padrões' que vemos são moldados pela qualidade dos registros," concluiu Rowan.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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