12/01/2021 Por que os opioides não conseguem curar a dor crônicaRedação do Diário da Saúde
Outra equipe já havia alertado que a forma de atuação dos opioides é diferente do que os cientistas defendiam.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
Dor física e dor emocional Novas evidências epidemiológicas e neurocientíficas sugerem que a relação entre dor crônica e sofrimento emocional é bidirecional. Os analgésicos, em última análise, tornam as coisas piores, garantem Mark Sullivan e Jane Ballantyne, da Universidade de Washington (EUA). O argumento dos dois especialistas é baseado em novas evidências científicas que indicam que a dor emocional ativa vários dos mesmos centros cerebrais límbicos que a dor física. Isso é especialmente verdadeiro, afirmam eles, para as síndromes de dor crônica mais comuns - dores nas costas, dores de cabeça e fibromialgia. Os opioides podem até fazer os pacientes se sentirem melhor no início, mas, a longo prazo, essas drogas causam todos os tipos de estragos em seu bem-estar, dizem os pesquisadores. "Seu funcionamento social e emocional fica confuso sob um cobertor encharcado de opioides," disse Sullivan. Danificando o sistema de recompensa Os pesquisadores afirmam que as novas evidências indicam que o sistema de recompensa do corpo pode ser mais importante do que o dano ao tecido na transição da dor aguda para a crônica. Por sistema de recompensa eles se referem, em parte, ao sistema opioide endógeno, um sistema complicado conectado a várias áreas do cérebro. Esse sistema inclui a liberação natural de endorfinas quando a pessoa faz atividades prazerosas. Quando esse sistema de recompensa é danificado por opioides manufaturados, isso perpetua o isolamento e a doença crônica, e é um forte fator de risco para a depressão, disseram eles. "Em vez de ajudar na dor para a qual o opioide foi originalmente procurado, o uso persistente de opioides pode estar perseguindo a dor de maneira circular, diminuindo as recompensas naturais das fontes normais de prazer e aumentando o isolamento social," escreveram eles. Alternativas aos opioides Tanto Sullivan quanto Ballantyne afirmam que também prescrevem opioides para seus pacientes, e dizem que esses medicamentos controversos têm um papel no uso de curto prazo. "A terapia com opioides a longo prazo, que dura meses e talvez anos, deveria ser uma ocorrência rara porque esses medicamentos não tratam bem a dor crônica, prejudica a função social e emocional humana e pode levar à dependência ou vício em opioides," escreveram eles. O que os pesquisadores recomendam é que, se os pacientes estiverem tomando opioides em altas doses a longo prazo e não estiverem tendo uma melhora clara na dor e no seu funcionamento, eles precisam diminuir gradualmente ou mudar para buprenorfina. Se disponível, um programa multidisciplinar de dor usando um acompanhante especializado para monitorar seus cuidados e bem-estar, semelhante aos existentes para diabetes e depressão, pode ser benéfico, recomendam. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=por-opioides-nao-conseguem-curar-dor-cronica A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |