19/02/2024

Por que aprendemos mais com os professores de quem gostamos?

Redação do Diário da Saúde
Por que aprendemos mais com os professores de quem gostamos
Mesmo as coisas mais simples sofreram influência da origem da informação.[Imagem: Marius Boeltzig et al. - 10.1038/s44271-023-00043-8]

Gosto de você, logo aprendo

Nossos cérebros parecem ter sua própria "fiação" - na forma de circuitos neurais dedicados - para aprender mais com as pessoas de quem gostamos e menos com aquelas de quem não gostamos.

É o que demonstra uma série de experimentos em neurociência cognitiva feita por Marius Boeltzig e colegas da Universidade de Lund (Suécia).

Nesses experimentos, os participantes precisavam lembrar e conectar diferentes objetos - como uma tigela, uma bola, uma colher, uma tesoura ou outros objetos do cotidiano - que eram apresentados por diferentes pessoas, algumas descritas meramente como participantes de um grupo com o qual os voluntários se identificavam.

Os participantes forneceram definições individuais de "gosto" e "não gosto" com base em aspectos como opiniões políticas, formação, hábitos alimentares, esportes favoritos, hobbies e música.

Os resultados mostraram que a integração da memória, ou seja, a capacidade de lembrar e conectar informações através de eventos de aprendizagem, foi influenciada por quem as apresentou. Se fosse uma pessoa de quem o participante gostava, conectar as informações era mais fácil do que quando as informações vinham de alguém de quem o participante não gostava.

Já existem vastas pesquisas que descrevem que as pessoas aprendem a informação de forma diferente dependendo da fonte, e como isso caracteriza a polarização e a resistência ao conhecimento. "O que a nossa investigação mostra é como estes fenômenos significativos podem ser parcialmente atribuídos aos princípios fundamentais que regem o funcionamento da nossa memória," disse o professor Mikael Johansson.

As informações que preferimos

Os resultados dos experimentos indicam que estamos mais inclinados a formar novas conexões e atualizar conhecimentos a partir de informações apresentadas por pessoas ou grupos que favorecemos. Esses grupos preferidos normalmente fornecem informações que se alinham com as nossas crenças e ideias pré-existentes, potencialmente reforçando pontos de vista polarizados.

Segundo os pesquisadores, isto tem grande impacto na vida real, incluindo a polarização que tem-se manifestado em todo o mundo em assuntos que vão da política e das questões ambientais à religião.

Inês Bramão, membro da equipe, cita um exemplo: "Um partido político defende o aumento de impostos para beneficiar os cuidados com a saúde. Mais tarde, você visita um centro de saúde e percebe que foram feitas melhorias. Se você simpatiza com o partido que queria melhorar os cuidados de saúde através de impostos mais elevados, é provável que atribua as melhorias ao aumento dos impostos, embora as melhorias possam ter tido uma causa completamente diferente".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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