13/03/2012 Planta tem ação anti-inflamatória em peles sensíveisKarina Toledo - Agência Fapesp
Conhecida da medicina popular, Physalis angulata demonstra potencial para se tornar aliada de pessoas com pele sensível ou intolerante a cosméticos. [Imagem: Wikipedia]
Medicamento natural Velha conhecida da medicina popular, a planta Physalis angulata demonstrou em testes clínicos potencial para se tornar uma grande aliada de pessoas com pele sensível ou intolerante a cosméticos, que podem desenvolver dermatites. Em pesquisa realizada pela empresa Chemyunion Química - fabricante de matérias-primas para a indústria cosmética e farmacêutica - o extrato concentrado do vegetal mostrou ação anti-inflamatória equivalente à da hidrocortisona, mas sem os efeitos adversos dessa última. Enquanto o uso prolongado de corticoides tópicos prejudica a formação de colágeno e torna a pele mais fina e suscetível a lesões, os ativos da P. angulata estimulam a produção dessa proteína e a regeneração celular. "Mesmo pessoas com pele normal podem se beneficiar do efeito antienvelhecimento do extrato", disse Márcio Antônio Polezel, diretor industrial da Chemyunion. Fisalinas, fitoesterois e flavonoides Também conhecida como camapu, juá, balãozinho ou saco de bode, a P. angulata está presente no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste brasileiro, mas se concentra principalmente na Amazônia. Há muito tempo a planta medicinal é usada em chás e infusões no combate à asma, hepatite, malária, reumatismo e também como diurético e analgésico. Nos anos 1970, cientistas descobriram que substâncias existentes na planta, batizadas de fisalinas, possuíam ação anti-inflamatória. Estudos posteriores sugeriram que as fisalinas poderiam também ser uma arma contra o câncer, a tuberculose e a doença de Chagas. "No início achávamos que a ação anti-inflamatória vinha somente das fisalinas, mas descobrimos que no caule e nas folhas da planta - partes usadas na pesquisa - a quantidade dessa substância é pequena. O benefício é proporcionado por fitoesterois, flavonoides e diversas outras substâncias presentes no vegetal", disse Polezel. CO2 supercrítico Para extrair os princípios ativos das plantas, a indústria cosmética geralmente recorre a solventes como água, álcool etílico, propilenoglicol ou butilenoglicol. "O problema é que essas substâncias permanecem no extrato final e podem causar efeitos indesejados. O álcool, por exemplo, resseca a pele", disse. Na tentativa de obter uma matéria-prima pura e com concentração até 10 mil vezes maior de substâncias ativas, os pesquisadores recorreram a um método pouco comum no meio cosmético: a extração com dióxido de carbono (CO2) supercrítico. "Nós submetemos o CO2 a uma pressão 500 vezes maior que a da atmosfera. O gás entra em um estado chamado supercrítico, intermediário entre o líquido e o gasoso. É então injetado nos reatores de extração, penetra nas células do vegetal e retira os ativos. Quando a pressão é reduzida a 70 atmosferas, o CO2 retorna ao estado gasoso e se separa do extrato, que cai em um coletor", explicou Polezel. O processo não ultrapassa a temperatura de 50 ºC, o que garante a integridade das moléculas. Além disso, pode ser considerado ecologicamente correto, uma vez que o CO2 é utilizado em ciclo fechado dentro do extrator. O problema é o preço. Enquanto um extrato vegetal pode custar apenas R$ 4 o quilo, cada grama da matéria-prima superconcentrada pode chegar a R$ 170 reais ou até mais, dependendo dos ativos que se busca. "É no mínimo dez vezes mais cara, levando-se em conta a diferença de concentração. Mas não tem o efeito indesejável do solvente e permite dosar com precisão a concentração desejada dos ativos, de forma a se conseguir a eficácia que se busca, o que garante a eficácia", explicou Polezel. Superconcentrado A empresa também desenvolveu um extrato hidroglicólico comum de P. angulata para comparar com o superconcentrado e com a hidrocortisona durante as pesquisas. Os primeiros testes de eficácia e segurança foram feitos in vitro com culturas de células humanas. Em seguida, o efeito dos dois extratos vegetais e da hidrocortisona foi comparado em 33 voluntários entre 18 e 60 anos. "Comprovamos que a P. angulata tem ação equivalente à de corticoides e demonstramos que o extrato superconcentrado é no mínimo 25% mais eficaz no combate à inflamação que a versão hidroglicólica, tendo-se como base o mesmo teor de ativos", disse Gustavo Facchini, pesquisador do projeto. Os dois tipos de extrato de P. angulata já foram lançados no mercado. O superconcentrado ganhou o nome de Physavie, e o hidroglicólico, de EcoPhysalis. Segundo a gerente de pesquisa e desenvolvimento da Chemyunion, Cecília Nogueira, cerca de dez empresas brasileiras e estrangeiras estão testando ou lançando cosméticos com esse ativo. "O Physavie é um produto premium, para a indústria cosmética de primeira linha. É mais caro, mas vai resolver o problema de quem tem pele sensível em menos tempo, com menor quantidade e sem o risco de efeitos colaterais causados pelos extratos comuns contendo solventes", disse Nogueira. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=planta-tem-acao-anti-inflamatoria-peles-sensiveis A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |