04/07/2013

Pessoas atribuem mentes a robôs agredidos

Redação do Diário da Saúde
Pessoas atribuem mentes a robôs agredidos
Quando leram sobre um "robô social altamente complexo" sendo atacado, os participantes atribuíram uma "mente completa" a ele. [Imagem: Cortesia Paramount Pictures]

Segundo Descartes, não há nenhuma maneira objetiva de saber se outra pessoa tem uma mente - cada mente que observamos é, em certo sentido, uma mente que criamos.

Contudo, pesquisadores acabam de descobrir que nós podemos perceber a mente em outros seres - mesmo que sejam entidades às quais nós normalmente não atribuiríamos uma mente.

Para isso, basta que essas entidades estejam sendo vítimas de algum tipo de agressão ou violência, mas principalmente se for violência moral.

O estudo mostrou que as pessoas atribuem uma mente para entidades que estão sendo alvos de agressão - mesmo quando a entidade em questão é um robô ou um cadáver.

"As pessoas parecem acreditar que ter uma mente permite que uma entidade seja parte de uma interação moral - para fazer coisas boas e ruins, ou ter coisas boas e coisas ruins feitas a elas," comenta Adrian Ward, que conduziu a pesquisa na Universidade de Harvard (EUA).

"Esta pesquisa sugere que a relação pode realmente funcionar ao contrário: não são as mentes que criam a moralidade, é a moralidade que cria as mentes," propõe ele.

Quantidade de mente

Ward e seus colegas realizaram cinco experimentos para investigar a relação entre a moralidade e a mente.

Os resultados mostraram de forma consistente que os participantes atribuem "mais mente" a entidades retratadas como alvos de dano intencional.

Por exemplo, os participantes que leram a história de uma enfermeira que desligou intencionalmente a alimentação de um paciente em estado vegetativo atribuíram uma mente para o paciente em maior medida do que os participantes que leram que a enfermeira fazia seu trabalho de forma adequada.

Os participantes até mesmo atribuíram mente para George, um "robô social altamente complexo", quando leram que George tinha sido esfaqueado com um bisturi por um cientista.

Surpreendentemente, as pessoas atribuíram "mentes completas" às entidades quando elas eram os alvos de danos morais - mentes capazes não apenas de sofrer danos, mas também capazes de experimentar emoções, sentir fome, exercer o autocontrole e planejar o futuro.

Os resultados contestam o saber tradicional de que a vitimização leva as pessoas a desumanizar outros seres.

Neste caso, "entidades sem mentes ou com mentes no liminar da consciência parecem ganhar mentes como resultado da vitimização," concluem os pesquisadores.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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