19/03/2009

Perda de peso melhora vivência sexual de mulheres após cirurgia

Leandra Rajczuk - Agência USP
Perda de peso melhora vivência sexual de mulheres após cirurgia
A partir da perda de peso houve melhora na afetividade e na sexualidade, menos fadiga e presença mais efetiva do companheiro.[Imagem: Fernando Botero/Reprodução]

Obesidade e vida afetivo-sexual

Um estudo apresentado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP buscou compreender quais sentidos e significados a mulher obesa atribui à sua vida afetivo-sexual com a nova imagem corporal proporcionada pela perda de peso após a cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como cirurgia da redução do estômago.

"O interesse por este tema surgiu a partir de minha experiência no Hospital Regional de Assis, no qual tive a oportunidade de um contato com mulheres obesas de grau III que ao revelarem suas histórias de vida verbalizavam de maneira sofrida sobre sua afetividade/sexualidade, além de me despertar o fato de alguma delas terem sofrido abuso sexual", afirma a psicóloga Érica Helena Martins de Godoy, autora da dissertação de mestrado Histórias da vivência sexual de mulheres submetidas à cirurgia da obesidade, em referência ao estágio extra-curricular no HRA como psicoterapeuta individual e grupal com pacientes no pré e pós-operatório da cirurgia de obesidade, entre abril de 2003 e dezembro de 2004.

Avaliação do peso corporal

A forma mais amplamente indicada para avaliação do peso corporal em adultos é o IMC (Índice de Massa Corporal), recomendado inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse índice é calculado dividindo-se o peso do paciente em quilogramas (Kg) pela sua altura em metros elevada ao quadrado (m², quadrado de sua altura). Quando o IMC é igual ou superior a 40 kg/m², trata-se da obesidade de grau III (mórbida), doença grave, com risco de morte. "Sabemos que o tratamento mais eficaz para a obesidade mórbida é a cirurgia bariátrica, que contribui ao emagrecimento gerando uma modificação na imagem corporal e em diversos fatores da vida do operado", explica a psicóloga.

Acompanhamento multidisciplinar

A pesquisa foi realizada com dez mulheres, entre 31 e 56 anos, sendo que seis delas se submeteram a cirurgia em instituições privadas e as demais (quatro) em hospitais públicos, há pelo menos seis meses. Na amostragem, o IMC antes da cirurgia variava de 37,5 kg/m² a 67 kg/m². Depois da intervenção cirúrgica, o IMC mostrou que 2 avaliadas estavam com o peso normal, 6 tinham quadro de sobrepeso e 2 mantinham o quadro de obesidade grau III. "A psicoterapia no pré-operatório foi realizada por 9 mulheres realizaram , mas apenas 3 receberam a mesma orientação após a cirurgia", diz Érica Godoy.

Nesse sentido, o perfeito entrosamento da equipe multidisciplinar, formada por médico cirurgião, gastroenterologista, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, entre outros, é parte fundamental no sucesso da cirurgia. "Apesar desse tipo de cirurgia ter como principal objetivo a melhora da qualidade de vida por intermédio da perda de peso, é fundamental o tratamento multidisciplinar nas etapas que antecedem e sucedem à operação", informa.

Melhoria na afetividade e na sexualidade

De acordo com a psicóloga, a partir do momento em que as mulheres perderam peso, uma melhora nas vivências da afetividade e sexualidade pôde ser observada. "Constatamos que a diminuição da forma física pode contribuir para uma melhoria no desempenho do ato sexual, com menor fadiga e mais criatividade, além da presença mais afetiva e constante do companheiro ou parceiro", conta. Defendida no dia 9 de fevereiro de 2009, a dissertação de mestrado teve orientação da professora Maria Alves Toledo Bruns, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP.

Para conhecer outra pesquisa relacionada, veja Mulheres gordinhas fazem mais sexo do que as magras.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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