26/02/2019

Pensamos e nos comportamos diferente na realidade virtual

Redação do Diário da Saúde
Pensamos e nos comportamos diferente na realidade virtual
Em termos de ambientes reais e virtuais, a conclusão é que a "realidade real" sobrepõe-se à realidade virtual. [Imagem: Nicola Anderson/UBC]

Realidade virtual versus realidade real

A realidade virtual imersiva pode ser incrivelmente realista, mas uma nova pesquisa encontrou uma lacuna significativa entre como as pessoas reagem psicologicamente na realidade virtual e como elas reagem na vida real.

Estudando o fenômeno do bocejo, sabidamente contagioso, os pesquisadores constataram que as reações das pessoas na realidade virtual podem ser bem diferentes daquelas que elas adotam na "realidade real".

O bocejo contagioso é um fenômeno bem documentado no qual as pessoas - e até alguns animais não humanos - bocejam reflexivamente quando percebem alguém próximo bocejando.

Os resultados mostram que o bocejo contagioso também acontece na realidade virtual. A diferença é que a tendência das pessoas em reprimir os bocejos quando têm companhia ou sentem que estão sendo observadas não se aplica no ambiente de realidade virtual.

Além disso, quando pessoas imersas no ambiente virtual estão cientes de que há outra pessoa real na sala, elas reprimem seus bocejos, mostrando que elas não estão assim tão imersas na realidade virtual quanto se pensava.

Em outras palavras, a presença social real inibe o bocejo contagioso. Quando as pessoas acreditam que estão sendo observadas, elas bocejam menos, ou pelo menos resistem ao impulso. Isto pode ser devido ao estigma do bocejo em ambientes sociais, ou a sua percepção em muitas culturas como um sinal de tédio ou grosseria.

Limitações da realidade virtual

Em termos de ambientes reais e virtuais, a conclusão é que a "realidade real" sobrepõe-se à realidade virtual.

"As pessoas esperam que as experiências de realidade virtual imitem a realidade real e induzam formas semelhantes de pensamento e comportamento. Este estudo mostra que há uma grande separação entre estar no mundo real e estar em um mundo virtual," disse Alan Kingstone, professor da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá).

Isso é importante porque a realidade virtual tem sido usada como uma ferramenta de pesquisa em psicologia, treinamentos corporativos e mesmo em terapias físicas - estes resultados mostram que os pesquisadores podem precisar levar em conta as limitações dessa ferramenta.

"Usar a realidade virtual para examinar como as pessoas pensam e se comportam na vida real pode muito bem levar a conclusões que são fundamentalmente erradas. Isso tem profundas implicações para as pessoas que esperam usar a realidade virtual para fazer projeções precisas em relação a comportamentos futuros," disse Kingstone. "Por exemplo, prever como os pedestres irão se comportar quando estiverem andando entre carros sem motorista, ou as decisões que os pilotos tomarão em uma situação de emergência. As experiências em realidade virtual podem ser um substituto ruim para a vida real."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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