23/04/2018

ONU testa drones para combater pernilongos no Brasil

Com informações da Agência Brasil
ONU testa drones para combater pernilongos no Brasil
Cada drone libera até 50.000 pernilongos machos estéreis em cada viagem.[Imagem: Aiea/ONU/N. Culbert]

Insetos estéreis por radiação

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está realizando testes com drones para liberar na natureza pernilongos destinados a diminuir a população dos transmissores de doenças como zika, dengue e chikungunya.

Os pequenos helicópteros não tripulados transportam milhares de mosquitos machos tornados estéreis através de radiação, que são liberados no meio ambiente. A expectativa é que eles cruzem com mosquitos nativos sem gerar descendentes. Com isso, ao longo do tempo, a população de insetos deve diminuir, reduzindo a propagação das doenças.

Se os testes tiverem sucesso, o esquema será adotado em zonas rurais e urbanas brasileiras em janeiro do próximo ano, já que o verão é a época de maior ocorrência do Aedes aegypti.

A técnica é uma alternativa à liberação de pernilongos transgênicos, recentemente autorizados pela Justiça brasileira, mas ainda controversas dentro da comunidade científica.

Pernilongos soltos por drones

A biofábrica de insetos estéreis - Moscamed Brasil, em Juazeiro (BA) - foi escolhida pela agência de energia nuclear das Nações Unidas e é a primeira biofábrica do mundo a utilizar a tecnologia de raios X para esterilização de insetos e controle biológico de pragas.

A técnica de fazer a esterilização por radiação é usada há mais de 50 anos para controlar pestes como a mosca-da-fruta, mas só nos últimos anos começou a ser usada em mosquitos. A AIEA trabalhou neste projeto junto com a FAO e com a organização americana WeRobotics, empresa com sede em Genebra e nos Estados Unidos, que trabalha para viabilizar a utilização drones em ações que tenham um impacto social positivo.

Até agora, o mecanismo de liberação dos pernilongos era manual. Por isso, o uso de drones deverá aumentar a produtividade do trabalho e permitir a soltura em locais densamente povoados.

Um dos maiores desafios é manter os pernilongos vivos durante o transporte. Com outros tipos de insetos, são usados aviões na liberação, mas este tipo de prática danifica asas e pernas dos pernilongos. Já com a técnica dos drones, a taxa de mortalidade foi reduzida para cerca de 10%.

Um drone pesa 10 quilogramas e carrega até 50 mil insetos. O custo de cada aparelho é de cerca de US$ 10 mil, o que corta os custos de liberação dos insetos pela metade em relação ao método manual. A agência de energia atômica da ONU ainda pretende reduzir o peso do drone e aumentar sua capacidade de transporte para 150 mil mosquitos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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