27/08/2021

O que falta para termos vacinas terapêuticas contra o câncer?

Redação do Diário da Saúde

Etapas para uma vacina contra o câncer

Ao longo dos anos, avanços significativos na pesquisa do câncer estão nos levando à próxima geração de terapias oncológicas - vacinas contra o câncer!

No entanto, o uso direto dessas vacinas nos pacientes afetados não tem produzido os efeitos antitumorais desejados. E uma das razões para esta falha está na falta de um mecanismo confiável de distribuição direcionada do medicamento, levando-o diretamente às células tumorais.

Consequentemente, o primeiro passo primordial das pesquisas dessas novas terapias contra o câncer, no qual os cientistas estão atualmente concentrando seus esforços, é encontrar veículos apropriados para a carregar as vacinas terapêuticas contra o câncer até o tumor.

Esses chamados nanocarreadores, ou nanocarregadores, feitos com materiais na escala dos nanômetros, estão em desenvolvimento há vários anos, mas ainda não chegamos ao ponto de contar com essa tecnologia no ambiente clínico.

Para facilitar esse processo e direcionar melhor os esforços de todas as equipes ao redor do mundo, Jie Liang e Xiao Zhao, da Universidade da Academia Chinesa de Ciências, consolidaram todas as pesquisas disponíveis sobre veículos de distribuição de vacinas contra o câncer, fazendo uma revisão abrangente sobre os diferentes tipos disponíveis e os prós e contras de cada um dos veículos de entrega disponíveis.

O que falta para termos vacinas terapêuticas contra o câncer?
Materiais naturais e sintéticos estão sendo combinados para criar nanocarreadores.
[Imagem: Luo et al.163 (Jie Liang/Xiao Zhao - 10.20892/j.issn.2095-3941.2021.0004)]

Tipos de nanocarreadores

Os dois pesquisadores classificaram os veículos de entrega em quatro categorias principais: Veículos baseados em lipídios, baseados em polímeros, baseados em inorgânicos e bioinspirados.

Os veículos à base de lipídios, tipicamente lipossomas, são capazes de assumir uma forma esférica estável após encapsular o antígeno. Eles são vantajosos devido às suas semelhanças com a membrana celular, facilitando assim uma melhor absorção da vacina na área-alvo. Mais recentemente, os veículos à base de lipídios encontraram uso em vacinas de mRNA.

Os veículos baseados em polímeros oferecem mais opções, incluindo nanocarreadores sintéticos ou de origem natural, e são ajustáveis às propriedades bioquímicas exigidas pelo tratamento. Alguns exemplos de veículos baseados em polímeros naturais incluem peptídeos e nano/micro-transportadores de glicano; os veículos à base de polímero sintético incluem poli(ácido lático-co-glicólico) e policaprolactona.

Já se demonstrou que as vacinas contra o câncer transportadas por veículos de base inorgânica aumentam a ativação dos componentes bioquímicos do sistema imunológico, o que aumenta o efeito anticâncer. Alguns exemplos incluem estruturas de sílica, ouro e óxido de ferro.

Ainda mais perto do uso prático estão os veículos de entrega bioinspirados, que imitam as próprias células do corpo ou invasores, como bactérias e vírus, para conseguir a entrega segura e específica da vacina contra o câncer. Além disso, esses veículos têm a capacidade de atuar como adjuvantes e podem aumentar a ativação imunológica.

O que falta para termos vacinas terapêuticas contra o câncer?
A melhor saída parece ser a combinação de várias técnicas já pesquisadas, aproveitando o melhor de cada uma delas.
[Imagem: Jie Liang/Xiao Zhao - 10.20892/j.issn.2095-3941.2021.0004]

Rumo às vacinas terapêuticas contra o câncer

A pesquisa também levantou as dificuldades para que essas ferramentas cheguem ao uso clínico, sendo que o uso de cada um desses veículos de entrega de vacina é limitado por desvantagens específicas, incluindo toxicidade, falta de biodegradabilidade e respostas imunes fracas, especialmente quando cada opção é usada sozinha.

Por isso, os pesquisadores propõem que as equipes de pesquisa passem a testar soluções híbridas, que juntem diferentes tipos de nanocarreadores para aumentar a atividade anticâncer. Além disso, eles destacam a necessidade de validar o sucesso do direcionamento de antígenos tumorais específicos, especialmente por meio de métodos informatizados (in silico), antes de embarcar em esforços rumo a testes clínicos em pacientes, mais caros e com resultados mais demorados.

No geral, os autores estão esperançosos de que sua revisão encoraje outros pesquisadores a abordar as deficiências dos veículos de entrega de vacinas contra o câncer disponíveis, para conseguir criar sistemas eficazes e bem direcionados aos tumores, com os benefícios terapêuticos e profiláticos necessários.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  https://diariodasaude.com.br./print.php?article=o-falta-termos-vacinas-terapeuticas-contra-cancer

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