05/08/2020

As seis linhagens do novo coronavírus e as boas notícias

Redação do Diário da Saúde
Novo coronavírus tem seis linhagens. E por que isso é bom
Linhagens do SARS-CoV-2 disseminadas pelo mundo até o momento. [Imagem: Mercatelli/Giorgi - 10.3389/fmicb.2020.01800]

Resultados animadores

O vírus SARS-CoV-2, causador da pandemia de covid-19, apresenta pelo menos seis cepas, ou linhagens.

A boa notícia é que, apesar de suas mutações, o vírus mostra pouca variabilidade, um sinal de que uma vacina eficaz poderá se tornar viável e com efeitos duradouros.

Estes são os resultados do estudo mais extenso já realizado até agora sobre o sequenciamento do SARS-CoV-2.

Pesquisadores da Universidade de Bolonha (Itália) se basearam na análise de 48.635 genomas do novo coronavírus, que foram isolados por pesquisadores em laboratórios de todo o mundo. Com todos estes dados, foi possível então mapear a disseminação e as mutações do vírus durante sua jornada por todos os continentes.

Os primeiros resultados são animadores. O coronavírus apresenta pouca variabilidade, aproximadamente sete mutações por amostra - para comparação, a gripe comum tem uma taxa de variabilidade que é mais do que o dobro disso.

"O coronavírus SARS-CoV-2 provavelmente já está otimizado para afetar os seres humanos, e isso explica sua baixa mudança evolutiva," explicou Federico Giorgi, coordenador do estudo. "Isso significa que os tratamentos que estamos desenvolvendo, incluindo uma vacina, podem ser eficazes contra todas as cepas do vírus".

Cepas do novo coronavírus

Até agora foram identificadas seis cepas do novo coronavírus. A original é a cepa L, que apareceu em Wuhan (China) em dezembro de 2019. Sua primeira mutação - a cepa S - apareceu no início de 2020, enquanto, desde meados de janeiro de 2020, tivemos as cepas V e G. Até o momento, a cepa G é a mais difundida: ela se transformou nas cepas GR e GH no final de fevereiro de 2020.

"A linhagem G e suas linhagens relacionadas GR e GH são de longe as mais disseminadas, representando 74% de todas as sequências de genes que analisamos," disse Giorgi. "Elas apresentam quatro mutações, duas das quais são capazes de alterar a sequência das RNA polimerase e proteínas espícula (spike) do vírus. Essa característica provavelmente facilita a disseminação do vírus".

O mapa genético do coronavírus criado pela equipe revela que as cepas G e GR são as mais frequentes na Europa e na Itália. De acordo com os dados disponíveis, a cepa GH parece quase inexistente na Itália, enquanto ocorre mais frequentemente na França e na Alemanha. Isso parece confirmar a eficácia dos métodos de contenção dos últimos meses.

Na América do Norte, a cepa mais difundida é a GH, enquanto na América do Sul encontramos a cepa GR com mais frequência. Na Ásia, onde a linhagem Wuhan L apareceu inicialmente, a disseminação das linhagens G, GH e GR está aumentando. Essas cepas chegaram à Ásia somente no início de março, mais de um mês após sua propagação na Europa.

Globalmente, as cepas G, GH e GR estão aumentando constantemente. A cepa S pode ser encontrada em algumas áreas restritas nos EUA e na Espanha. As cepas L e V estão desaparecendo gradualmente.

Monitoramento de novas mutações

Além dessas seis principais cepas do SARS-CoV-2, os pesquisadores identificaram algumas mutações pouco frequentes que, no momento, não são preocupantes, mas que precisam ser monitoradas.

"Mutações genômicas raras são menos de 1% de todos os genomas sequenciados," confirma Giorgi. "No entanto, é fundamental estudá-las e analisá-las para que possamos identificar suas funções e monitorar sua disseminação. Todos os países devem contribuir para isso dando acesso a dados sobre as sequências do genoma do vírus".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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