31/10/2017

Nova ferramenta genética permite editar RNA em células humanas

Redação do Diário da Saúde
Nova versão da CRISPR permite editar RNA em células humanas
As inovações costumam ser muito elogiadas quando surgem, apenas para serem ferozmente criticadas quando surgem outras em seu lugar.[Imagem: Susanna M. Hamilton/Broad Communications]

Não era tão boa assim

Os cientistas que criaram recentemente uma ferramenta de edição genética, chamada CRISPR, desenvolveram agora um novo sistema molecular para a edição do RNA em células humanas.

A edição de RNA, que pode alterar os produtos dos genes sem fazer alterações no genoma, tem potencial como ferramenta tanto para pesquisa quanto para o futuro tratamento de doenças, dizem Feng Zhang e seus colegas do MIT e da Universidade de Harvard (EUA).

Eles batizaram o novo sistema, que é uma evolução do CRISPR, de REPAIR (reparo), uma sigla para "edição de RNA para substituição programável de adenosina por inosina" (RNA Editing for Programmable A to I Replacement).

Curiosamente, embora a CRISPR original viesse sendo aclamada pelos cientistas como a ferramenta dos sonhos para o cuidado genético das doenças humanas, e colocando seus criadores como candidatos ao Prêmio Nobel de Medicina, agora, ante o novo desenvolvimento, essa mesma técnica está sendo criticada como "grosseira" demais para fazer o que os próprios cientistas e médicos anunciavam ser possível.

Segundo a revista Nature, usar a CRISPR para editar os genes "é como usar uma foice para cortar uma verruga".

Assim, ante os inúmeros elogios que desta vez estão sendo destinados à REPAIR, talvez seja melhor esperar pela próxima inovação para que saibamos seus defeitos.

Edição de RNA

Segundo seus criadores, o novo sistema permite alterar os nucleosídeos (ou nucleósidos) de RNA em células de mamíferos "de forma programável e precisa" - a técnica teria a capacidade de reverter mutações causadoras de doenças ao nível do RNA.

"A capacidade de corrigir mutações causadoras de doenças é um dos principais objetivos da edição do genoma," disse Zhang. "Já ficamos muito bons em inativar genes, mas recuperar de fato a função perdida de uma proteína é muito mais desafiador. Esta nova capacidade de editar o RNA abre mais oportunidades potenciais para recuperar essa função e tratar muitas doenças, em quase todos os tipos de célula."

A técnica pode ser dirigida a letras de RNA individuais, ou nucleosídeos, alterando adenosinas para inosinas (lidas como guanosinas pela célula). Essas letras estão envolvidas em mudanças de base única que se acredita causarem doenças em seres humanos. Uma mutação de G (guanosina) para A (adenosina) ocorre, por exemplo, na epilepsia focal, na distrofia muscular de Duchenne e na doença de Parkinson. A técnica REPAIR promete reverter o impacto de qualquer mutação patogênica de G para A, independentemente da sua sequência de nucleotídeos, com potencial para funcionar em qualquer tipo de célula.

Ao contrário das mudanças permanentes no genoma, necessárias para a edição de DNA, a edição de RNA oferece uma maneira mais segura e flexível de fazer correções nas células, dizem os cientistas.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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