Não existe uma expressão facial para cada emoção: Cada um interpreta do seu jeito

A "cara das emoções" varia muito de pessoa para pessoa. [Imagem: Nicola Binetti et al. - 10.1073/pnas.2201380119]

Expressão das emoções

Pesquisadores desenvolveram um programa de edição gráfica para que as pessoas - os voluntários de seu experimento - pudessem refinar como cada uma pensa que deveria ser a expressão facial de cada emoção.

Contestando a visão geral de que existiriam expressões universais para cada emoção, os resultados mostram profundas diferenças individuais, sugerindo que a mesma expressão facial pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes.

As pesquisas sobre a interpretação das expressões emocionais vinha se mostrando bastante limitada porque as ferramentas experimentais que representam expressões faciais são simplistas demais, com poucos traços faciais, o que impedia a reprodução de expressões realistas.

Nicola Binetti e colegas da Universidade Rainha Maria (Reino Unido) resolveram superar essas limitações usando avatares 3D. Eles aplicaram aos avatares uma técnica de programação conhecida como algoritmos genéticos, para que os usuários pudessem refinar progressivamente as expressões faciais dos avatares, até que se dessem por satisfeitas de que a expressão refletia como eles pensavam que uma emoção em particular deveria ser.

Um total de 336 voluntários usou os avatares para gerar expressões faciais representando felicidade, medo, tristeza e raiva. E o resultado não foi o que os pesquisadores esperavam.

Visão pessoal das emoções

Os pesquisadores constataram que as expressões que as pessoas geraram variaram substancialmente, indicando que cada pessoa associa diferentes expressões faciais ao mesmo estado emocional.

"Nosso estudo prova que não podemos assumir que exista um entendimento comum de quais emoções as diferentes expressões faciais refletem. Parece que as respostas individuais das pessoas a diferentes expressões faciais têm mais a ver com sua compreensão única da expressão facial, em vez de se dever a como elas processam e respondem às emoções internamente. Isso pode ter consequências importantes para a compreensão clínica de certas condições, onde as pessoas parecem ter respostas 'atípicas' a uma expressão facial," disse a professora Isabelle Marescha.

Os pesquisadores recomendam que pesquisas futuras sobre processamento de emoções deixem de usar os métodos tradicionais e estímulos baseados em estereótipos, e passem a usar abordagens que considerem maior diversidade e mais riqueza de expressão facial.

As conclusões também batem com estudos anteriores, que mostraram que as emoções que vemos nos outros dependem da nossa própria definição dessas emoções.

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