19/11/2019 Minifígado funcional é criado em laboratório por impressão 3DCom informações da Agência Fapesp
A biotinta, contendo as células, forma o minifígado em poucas horas, quando então começa o processo de maturação. [Imagem: Agência FAPESP]
Minifígado A partir de células sanguíneas humanas, pesquisadores brasileiros conseguiram obter organoides hepáticos - ou minifígados - capazes de exercer as funções típicas do órgão, como produção de proteínas vitais, secreção e armazenamento de substâncias. A inovação permite a produção de tecido hepático no laboratório em apenas 90 dias e pode se tornar, no futuro, uma alternativa ao transplante de órgãos. "Ainda existem etapas a serem alcançadas até obtermos um órgão completo, mas estamos em um caminho muito promissor. É possível que, em um futuro próximo, em vez de esperar por um transplante de órgão seja possível pegar a célula da própria pessoa e reprogramá-la para construir um novo fígado em laboratório. Outra vantagem importante é que, como são células do próprio paciente, a chance de rejeição seria, em teoria, zero," disse a professora Mayana Zatz, coordenadora da equipe. Grumos de células A inovação da equipe brasileira está na forma de incluir as células na biotinta usada para formar o tecido na impressora 3D. "Em vez de imprimir células individualizadas, desenvolvemos uma maneira de agrupá-las antes da impressão. São esses 'gruminhos' de células, ou esferoides, que constituem o tecido e mantêm a sua funcionalidade por muito mais tempo," explicou o pesquisador Ernesto Goulart. Não se parece com um fígado ainda, mas a funcionalidade está comprovada. [Imagem: Agência FAPESP] Desse modo, evita-se um problema comum à maioria das técnicas de bioimpressão de tecidos humanos: a perda paulatina do contato entre as células e, consequentemente, da funcionalidade do tecido. A formação dos esferoides ocorre já no processo de diferenciação, quando as células-tronco pluripotentes são transformadas em células do tecido hepático (hepatócitos, células vasculares e mesenquimais). "Começamos o processo de diferenciação já com as células agrupadas. Elas são cultivadas em agitação e espontaneamente formam agrupamentos," disse Ernesto. Um fígado em 90 dias O processo completo de fabricação do miniórgão - desde a coleta do sangue do paciente até a obtenção do tecido funcional - demora aproximadamente 90 dias. Para testar a técnica, os pesquisadores desenvolveram minifígados usando como matéria-prima células de sangue de três voluntários. Foram comparados marcadores relacionados à funcionalidade, como a manutenção de contato celular, produção e liberação de proteínas. "Os esferoides funcionam muito melhor do que os obtidos por dispersão célula a célula. Como previsto, durante a maturação, eles não tiveram os marcadores de função hepática reduzidos," disse Ernesto. Embora o experimento tenha-se limitado à produção de fígados em miniatura, a equipe acredita ser possível a produção de órgãos inteiros no futuro, que poderiam ser transplantados. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=minifigado-funcional-criado-laboratorio-impressao-3d A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |