21/07/2020 Medicamento experimental evita microcefalia causada pelo vírus zikaCom informações da Agência Fapesp
O composto inibe a ação de uma proteína que é ativada pelo vírus zika (imagem) para suprimir a resposta imunológica da mãe. A terapia também se mostrou eficaz contra o vírus da dengue e será testada contra o novo coronavírus.[Imagem: Cynthia Goldsmith/CDC]
Zika sem microcefalia Em uma pesquisa realizada no Brasil, um grupo internacional de cientistas descobriu que a inibição de uma proteína chamada AhR (receptor para aril hidrocarboneto) permite ao sistema imunológico combater com muito mais eficácia a replicação do vírus zika no organismo. Em experimentos feitos na USP (Universidade de São Paulo), a terapia antiviral mostrou-se capaz de prevenir o desenvolvimento de microcefalia e outras malformações em fetos de camundongos cujas mães foram infectadas durante a gestação. "Usamos nos testes uma droga experimental capaz de inibir a AhR e observamos diminuição na replicação tanto do zika como do vírus da dengue. Agora pretendemos testar o efeito da terapia contra o novo coronavírus," conta o professor do Jean Pierre Peron, que coordenou a pesquisa com uma equipe da Universidade de Buenos Aires (Argentina) e Escola de Medicina de Harvard (EUA). O fármaco experimental foi aplicado nas mães antes da infecção com o zika, de certa forma funcionando como uma vacina. "O tratamento foi feito por via oral até o fim da gestação. Ao nascerem, os filhotes apresentaram cérebros com tamanho e peso normais e uma carga viral muito mais baixa que a do grupo não tratado, quase indetectável, tanto na placenta como no sistema nervoso central. Além disso, análises histopatológicas mostraram que não houve redução na espessura do córtex e que o número de células nervosas mortas pelo vírus foi muito menor," contou Peron. Segundo o pesquisador, antes de se pensar em testes com humanos, será necessário replicar o experimento em macacos, que apresentam uma fisiologia mais parecida com a nossa. Fatores ambientais para o zika O impacto causado pela epidemia de zika em 2015 foi bastante assimétrico. Em determinadas regiões e cidades, a incidência de síndrome congênita e microcefalia causada pelo vírus foi muito maior do que em outras. Isso pode indicar que, nesses locais afetados com mais gravidade, existia uma condição ambiental que favorecia a infecção ou então que aquelas populações eram mais suscetíveis. Os dois fatores, ainda desconhecidos, também podem ter contribuído simultaneamente para aumentar o impacto do vírus. "Coincidentemente, a AhR pode ser ativada por poluentes ambientais, bem como por uma certa dieta ou pela microbiota endógena. Nosso próximo desafio é descartar ou confirmar se existe uma relação entre a AhR, ambientes poluídos ou degradados socioeconomicamente e uma maior virulência do zika", disse Cybele Garcia, da Universidade de Buenos Aires e membro da equipe. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=medicamento-experimental-evita-microcefalia-causada-pelo-virus-zika A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |