16/03/2022

Ligação entre colesterol alto e doenças cardíacas é inconsistente, dizem cientistas

Redação do Diário da Saúde
Ligação entre colesterol alto e doenças cardíacas é inconsistente, dizem cientistas
Seu uso é motivo de controvérsias sobretudo porque as estatinas só baixam o colesterol em metade dos pacientes.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Questionando o consenso científico

Depois de décadas de "consenso científico," nos últimos anos uma série de pesquisas vem questionando a causalidade entre o colesterol elevado e as doenças cardiovasculares.

Por exemplo, hoje sabe-se que "colesterol bom" demais mais que dobra a taxa de mortalidade, enquanto, no reverso da questão, o ruim do "colesterol ruim" depende da composição específica dessa lipoproteína.

Uma nova pesquisa vem dar suporte a esses questionamentos, revelando que a ligação entre o "colesterol ruim" (LDL-C) e eventos como ataque cardíaco e derrame pode, no mínimo, não ser tão forte quanto se pensava anteriormente.

Publicada no renomado JAMA Internal Medicine, a pesquisa questiona a eficácia das estatinas quando prescritas com o objetivo de diminuir o LDL-C e, por uma alegada decorrência, reduzir o risco de doenças cardiovasculares (DCVs).

Questionamento das estatinas

Pesquisas anteriores sugeriram que o uso de estatinas para reduzir o LDL-C afetaria positivamente os resultados de saúde, e isso se refletiu rapidamente nas recomendações e diretrizes de especialistas para a prevenção de DCVs (doenças cardiovasculares). Como resultado, as estatinas agora são comumente prescritas pelos médicos como medida preventiva.

As novas descobertas contradizem essa teoria, revelando que essa relação não é tão forte quanto se concluiu a partir daquelas pesquisas iniciais.

Em vez disso, a pesquisa demonstrou que a redução do LDL-C usando estatinas teve um impacto inconsistente e inconclusivo sobre as doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e mortalidade por todas as causas.

Além disso, o benefício geral de tomar estatinas pode ser pequeno e variará dependendo dos fatores de risco pessoais de cada indivíduo.

"Há muito tempo, a mensagem é que reduzir o colesterol reduz o risco de doença cardíaca e que as estatinas ajudam a conseguir isso. No entanto, nossa pesquisa indica que, na realidade, os benefícios de tomar estatinas são variados e podem ser bastante modestos," resumiu Paula Byrne, da Universidade RCSI (Irlanda), que fez a pesquisa em conjunto com uma equipe da Austrália, Dinamarca e EUA.

Os pesquisadores recomendam que essas informações atualizadas sejam comunicadas aos pacientes pelos seus médicos e que as diretrizes e políticas clínicas sejam atualizadas para refletir o saber científico atual.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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