18/02/2014 Você já teve um lindo formato de rosa - ainda no úteroRedação do Diário da SaúdeVocê já deve ter visto inúmeros documentários na TV e descrições em livros didáticos dizendo como um embrião se desenvolve logo depois que espermatozoide e óvulo se juntam. O fato é que tudo aquilo - ou, pelo menos, a parte mais essencial do processo - era uma conjectura, um palpite, porque ela nunca havia sido observada na prática. "Os livros-texto têm um palpite educado sobre o que acontece durante esta parte do desenvolvimento, mas agora sabemos que o que o aprendemos na escola e que eu vinha ensinando aos meus alunos sobre isso estava totalmente errado," afirma a Dra Magdalena Zernicka-Goetz, da Universidade de Cambridge (Reino Unido). Desenvolvimento embrionário O desenvolvimento embrionário nos mamíferos ocorre em duas fases. Durante a primeira fase, chamada pré-implantação, o embrião é uma pequena bola de células chamada blastocisto, que flutua livremente. Na segunda fase, chamada pós-implantação, o blastocisto incorpora-se ao útero da mãe. Ocorre que, enquanto blastocistos podem ser cultivados e estudados no exterior do corpo, o mesmo não acontece a partir de sua implantação no útero. E, como os embriões são intimamente ligadas às suas mães, estudar a implantação no útero também tem sido quase impossível. É por isso que as animações dos documentários sempre mostram uma bolinha grudando-se na parede do útero, logo começando a assumir a forma do bebê, ou do animal que se está estudando. Mas isso é uma "interpolação", porque os cientistas só tinham uma imagem antes e outra depois, perdendo a fase crucial, na qual o embrião passa por grandes mudanças em um curto espaço de tempo. "Durante estes dois dias, ele passa de uma bola relativamente simples para uma estrutura muito maior e mais complexa, em formato de copo. Mas como exatamente isso acontece é um mistério - a caixa preta do desenvolvimento," afirma Magdalena, que agora desvendou o mistério com a ajuda do seu colega Ivan Bedzhov. O que eles fizeram foi desenvolver um método que permite estudar os embriões durante a implantação, criando as condições adequadas para que ele passe por essa etapa fora do útero. Isso foi possível graças a um gel que, além de ter as propriedades biológicas e químicas adequadas, apresenta uma elasticidade similar ao tecido uterino. Mais importante, o gel é transparente, permitindo filmar o embrião durante a implantação. "É fascinante o quanto somos belos nesse momento, e como essas pequenas células se organizam tão perfeitamente para permitir que nos desenvolvamos." [Imagem: Magdalena Zernicka-Goetz/Ivan Bedzhov] Fase rósea O resultado foi uma surpresa: o blastocisto adquire o formato de uma rosa, uma estrutura nunca antes vista - os cientistas a chamam de "roseta". "É uma estrutura linda. Esta roseta é como um camundongo se parece no 4º dia da sua vida, e muito provavelmente o que nós parecemos no 7º dia da nossa, e é fascinante o quanto somos belos nesse momento, e como essas pequenas células se organizam tão perfeitamente para permitir que nos desenvolvamos," entusiasma-se a Dra. Magdalena. Ao longo das horas que se seguem à formação da rosa embrionária, e conforme ela cresce, ela finalmente se transforma na estrutura de copo que já havia sido vista. Além de corrigir os livros-texto e deixar os documentários obsoletos, a descoberta dessa "fase rósea" do nosso desenvolvimento uterino poderá ajudar a melhorar as taxas de sucesso da fertilização in vitro, além de ampliar nosso conhecimento sobre as células-tronco e seu comportamento durante o desenvolvimento. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=formaro-rosa-utero A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |