18/09/2017

Estudo mundial mostra que o mais saudável é consumir gorduras moderadamente

Redação do Diário da Saúde
Estudo mundial mostra que o mais saudável é consumir gorduras moderadamente
Os resultados são consistentes com estudos anteriores, como aquele em que médicos gêmeos compararam dietas ricas em carboidratos e em gorduras.[Imagem: Joanna Barwick/BBC]

Gordura não mata

Uma pesquisa com mais de 135 mil pessoas em cinco continentes mostrou que uma alimentação que inclui uma "ingestão moderada" de gordura e frutas e vegetais, e evita altos níveis de carboidratos, está associada a um menor risco de morte.

Para ser específico sobre "moderado", o menor risco de morte foi identificado entre as pessoas que consomem três a quatro porções (ou um total de 375 a 500 gramas) de frutas, vegetais e leguminosas por dia, com pouco benefício adicional de mais do que isso.

Mas a grande novidade é que, ao contrário do que médicos e cientistas vêm apregoando há décadas, o consumo de uma maior quantidade de gordura - cerca de 35% da energia ingerida - está igualmente associado a um menor risco de morte em comparação com uma menor ingestão de gordura.

Por outro lado, uma alimentação rica em carboidratos - mais de 60% da energia ingerida - está relacionada a uma maior mortalidade, embora não esteja associada com maior risco de doença cardiovascular.

Estas são as principais mensagens de dois relatórios publicados pela revista médica The Lancet, ambos produzidos a partir de um grande estudo global liderado por pesquisadores do Instituto de Pesquisas sobre a Saúde da População, da Universidade McMaster (Canadá).

Gorduras moderadas, menos carboidratos

A investigação sobre as gorduras alimentares constatou que seu consumo moderado não está associado a doenças cardiovasculares graves e, na verdade, um maior consumo de gordura mostrou-se associado a uma menor mortalidade. Isso foi observado para todos os principais tipos de gorduras - saturadas, poli-insaturadas e monoinsaturadas -, com as gorduras saturadas associadas a menor risco de acidente vascular cerebral.

Nem a ingestão total de gordura e nem a ingestão dos tipos individuais de gordura mostraram-se associadas com risco de ataques cardíacos ou morte por doenças cardiovasculares.

Os pesquisadores ressaltam que, embora isso possa parecer surpreendente para alguns, esses novos resultados são consistentes com vários estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados conduzidos nos países ocidentais nas últimas duas décadas.

Estudo mundial mostra que o mais saudável é consumir gorduras moderadamente
A gordura marrom é tão importante no metabolismo que está sendo considerada um órgão de pleno direito.
[Imagem: Francesc Villarroya et al. (2016)]

Segundo eles, quando visto no contexto da maioria dos estudos anteriores, o trabalho reforça o questionamento sobre as "crenças convencionais" sobre a gordura na alimentação.

"Uma diminuição na ingestão de gordura leva automaticamente a um aumento no consumo de carboidratos e nossos resultados podem explicar por que certas populações, como os sul-asiáticos, que não consomem muita gordura, mas que consomem muitos carboidratos, têm maiores taxas de mortalidade," disse a professora Mahshid Dehghan, principal autora do estudo.

Pelo que a gordura é substituída

A professora Dehghan ressalta que as recomendações sobre uma dieta saudável têm-se concentrado por décadas na redução da gordura total para abaixo de 30% da ingestão calórica diária, e das gorduras saturadas para abaixo de 10% da ingestão calórica.

Mas isto se baseia, diz ela, "na ideia de que reduzir a gordura saturada deve reduzir o risco de doença cardiovascular, mas não leva em conta a forma como a gordura saturada é substituída na dieta."

A pesquisadora acrescenta que as diretrizes atuais foram desenvolvidas há mais de 40 anos usando dados de alguns países ocidentais onde a gordura representava de 40% a 45% da ingestão calórica e o consumo de gorduras saturadas acima de 20%. O consumo de ambas agora é muito mais baixo na América do Norte e na Europa (31% e 11%, respectivamente).

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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