27/03/2017 Estimulação elétrica sincroniza ondas cerebrais e melhora memóriaRedação do Diário da Saúde
A estimulação transcraniana no ritmo adequado (em cima) produz resultados totalmente diferentes da estimulação fora do ritmo (embaixo).[Imagem: Inês Violante]
Sincronizando ondas cerebrais Embora a eficácia das técnicas de estimulação cerebral venha sendo comprovada em vários testes em condições de laboratório, a proliferação de aparelhos para dar choques no cérebro começou a causar preocupação entre os neurologistas devido ao registro de mau uso por pessoas sem o conhecimento adequado. De fato, os estudos na área demonstram que esses tratamentos só começam a ser compreendidos mesmo pelos cientistas mais especializados. O mais recente desses experimentos mostrou que, se o interesse é melhorar a memória, não se trata de simplesmente aplicar correntes elétricas: essas correntes elétricas devem ser ajustadas para sincronizar as ondas cerebrais, e não induzi-las ou reforçá-las. Pesquisadores do Imperial College de Londres descobriram que a aplicação de uma corrente elétrica de baixa tensão faz com que diferentes áreas do cérebro entrem em sincronia umas com as outras, permitindo que as pessoas se saiam melhor em tarefas envolvendo a memória de trabalho, ou memória de curto prazo. A esperança é que a técnica possa ser usada para contornar áreas danificadas do cérebro e transmitir sinais em pessoas com lesão cerebral traumática, acidente vascular cerebral ou epilepsia. Nosso cérebro diminui a atenção a um sentido para dar atenção a outro. [Imagem: Linkoping University] Ritmo cerebral O cérebro está em um constante estado de vibração, e essa atividade aparece nos exames como ondas cerebrais oscilando em diferentes frequências e em diferentes regiões, mas mantendo um ritmo constante - é uma autêntica sinfonia musical cerebral. A equipe descobriu que a aplicação de uma corrente elétrica fraca através do couro cabeludo ajuda a alinhar diferentes partes do cérebro, sincronizando suas ondas cerebrais e permitindo-lhes manter o mesmo ritmo. Isto foi feito usando uma técnica chamada estimulação transcraniana por corrente alternada (ETCA). "O comportamento clássico é ficar mais lento na tarefa cognitiva mais difícil, mas as pessoas se tornaram mais rápidas com a estimulação sincronizada, e tão rápidas quanto nas tarefas mais simples," disse a neurologista Inês Ribeiro Violante, coordenadora do experimento. "O que observamos é que as pessoas tiveram melhor desempenho quando as duas ondas apresentam o mesmo ritmo e [batem] ao mesmo tempo." A descoberta mais recente na área são as chamadas "ondas Princesa Leia", que circulam em volta do cérebro. [Imagem: Lucasfilm/20th Century Fox/The Kobal Collection] Estimulação cerebral Apesar dos resultados promissores, ainda há um longo caminho para que esses tratamentos possam ser usados clinicamente. Um dos principais obstáculos é a natureza individual do cérebro - seu cérebro não apenas é único, mas muda com o tempo. Os eletrodos precisam não apenas alcançar a frequência certa, que varia de indivíduo para indivíduo, mas também dirigi-la para a parte correta do cérebro e ainda acertar a "batida" no tempo. "O próximo passo é, em combinação com imageamento cerebral, ver se a estimulação funciona em pacientes com lesão cerebral, onde os pacientes têm lesões que prejudicam a comunicação de longo alcance em seus cérebros. A esperança é que a técnica possa ser usada para esses pacientes, ou mesmo para aqueles que sofreram um acidente vascular cerebral ou que têm epilepsia," disse a Dra Inês. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=estimulacao-eletrica-melhora-memoria A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |