08/11/2011 Doença de Huntington pode ter origem fora do cérebroCom informações da Agência FapespNão-cerebral e não-neuronal A doença de Huntington, considerada por muito tempo como um problema puramente neurológico, não tem origem exclusivamente no cérebro. Conforme apontam diversos estudos recentes, ela pode surgir primeiro em órgãos e tecidos periféricos e até mesmo em células não-neuronais. Uma nova pesquisa realizada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) reforçou a tese da origem não-cerebral e não-neuronal da doença. Os pesquisadores brasileiros demonstraram que a proteína causadora da doença de Huntington pode estar presente no coração. O estudo foi apresentado em setembro no Congresso Mundial da Doença de Huntington, realizado na Austrália, e foi publicado em um suplemento especial da revista Clinical Genetics, dedicado exclusivamente ao evento. Biomarcadores precoces A pesquisa demonstrou que a huntingtina, a proteína que está associada à doença, podia estar presente em células não nervosas no coração e, portanto, não é específica de neurônios. De acordo com os pesquisadores, a nova perspectiva de uma origem não-cerebral e não-neuronal da doença sugere uma nova linha de investigação científica voltada para a busca de biomarcadores precoces da doença, a fim de antecipar o diagnóstico, propor estratégias mais eficazes de tratamento e aumentar a sobrevida dos pacientes. Segundo Antônio Augusto Coppi, um dos autores do estudo, a doença de Huntington não pode mais ser tratada apenas como uma desordem puramente neurológica, uma vez que tem efeito e até origem em vários órgãos e tecidos periféricos, como coração - conforme demonstrado no estudo -, fibras musculares estriadas esqueléticas, ossos, testículos, pâncreas, sistema imune e sistema nervoso entérico e cardíaco. "Existe um dogma entre os neurologistas que considera o cérebro como único local de origem desse tipo de doença. Mas sabemos que 30% dos pacientes com a doença de Huntington morrem de problemas cardíacos e não neurológicos. Por isso temos realizado estudos para entender a cronologia de surgimento e evolução da doença e como ela afeta o coração", disse. Problemas no coração "A doença causou nos animais estudados uma hipertrofia do coração e uma disfunção da inervação simpática do órgão. Acreditamos que a hipertrofia ocorra justamente para compensar a falha da inervação. Tudo isso pode levar a problemas cardíacos, explicando a grande porcentagem de pacientes com a doença que morrem de problemas cardíacos e não neurológicos", disse o pesquisador. Além de quebrar o dogma da origem exclusivamente cerebral, segundo Coppi, os novos estudos têm mostrado que a doença surge não só em neurônios, mas também em células não-neuronais. "Existem neurônios em inúmeros órgãos fora do cérebro, como coração, intestino, pâncreas, traqueia, bexiga e fígado. Mas muitas vezes a doença surge em células que não são nervosas, mas fibras musculares do miocárdio, células do testículo e da medula óssea. Isso faz com que os pacientes desenvolvam doenças do coração, atrofia dos testículos e osteoporose, por exemplo", explicou. Ao buscar novos marcadores biológicos que possam antecipar o diagnóstico das doenças, os pesquisadores abrem caminho para novos tratamentos que possam retardar o aparecimento dos primeiros sintomas, ou prolongar a vida do paciente. Ainda não há perspectivas de cura para a doença de Huntington. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=doenca-huntington-origem-fora-cerebro A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |