10/09/2009

Dinheiro ajuda, mas não compra felicidade

Ana Granadillo
Dinheiro ajuda, mas não compra felicidade
Os programas sociais precisam reconhecer que o bem-estar depende da satisfação com muitos domínios da vida, e não apenas com o econômico. [Imagem: Divulgação]

Satisfação com a vida

Estar satisfeito com a vida vai muito além de simplesmente ter dinheiro, o que significa que os planejadores de políticas públicas que visam a redução da pobreza precisam ir além de simplesmente elevar a renda dos cidadãos, cuidando de melhorar sua qualidade de vida também em outros aspectos.

Esta é a conclusão de uma pesquisa feita pelo professor mexicano Mariano Rojasve, da Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais e que acaba de ser publicada na revista científica Applied Research in Quality of Life.

Redução da pobreza com aumento da felicidade

A redução da pobreza é uma das maiores preocupações quando se planejam ações que se transformarão em programas de âmbito nacional ou internacional. Até hoje, o foco desses programas tem sido tirar as pessoas da pobreza aumentando seu poder de compra. Isto se baseia no pressuposto de que uma renda mais elevada se traduz em um maior bem-estar.

O professor Rojas contesta esse pressuposto e argumenta que medidas de satisfação com a vida também devem ser levadas em conta quando se elabora ou se avalia os resultados desses programas.

Além de questões sobre a renda familiar e a independência financeira da família, o pesquisador afirma ser necessário incluir questões subjetivas sobre a qualidade de vida em geral, como a satisfação pessoal em relação à saúde, ao emprego, às relações familiares, aos amigos e até consigo mesmo, bem como avaliações sobre o ambiente comunitário no qual a pessoa está inserida.

Feliz sem dinheiro, infeliz com dinheiro

A maioria das pessoas pesquisadas - a pesquisa foi feita na Costa Rica - avaliou suas vidas como satisfatórias ou como não-satisfatórias. Nem todas as pessoas que eram consideradas pobres por fatores econômicas relataram estar infelizes com a própria vida, e nem todas as pessoas acima da linha de pobreza afirmaram estar felizes com a própria vida.

O professor Rojas observou que apenas 24% das pessoas classificadas como pobres avaliaram a própria vida como lhes dando pouca satisfação. Além disso, 18% das pessoas na categoria "não-pobres" relataram estarem pouco satisfeitas com a própria vida.

Desta forma, torna-se claro que apenas a pobreza não define o bem-estar geral de um indivíduo e é possível que alguns superem a linha da pobreza e se tornem menos satisfeitos com a própria vida.

Por outro lado, uma pessoa pode estar feliz da vida mesmo se sua renda é baixa, na medida que esteja satisfeita em outras áreas da vida, como família, saúde, emprego e consigo própria.

Programa Felicidade da Família

O professor Rojas argumenta que os programas sociais precisam reconhecer que o bem-estar depende da satisfação com muitos domínios da vida, e que muitas qualidades e atributos precisam ser levados em conta na elaboração desses programas, incluindo lazer, educação, a comunidade e a capacidade de se tornar um consumidor responsável, aprendendo a gastar sabiamente a renda ampliada.

"Esta pesquisa mostrou que é possível superar a linha da pobreza com pouco efeito sobre a satisfação com a vida. A renda não é um fim, mas um meio para um fim. Há um grande risco de negligenciar e subestimar a importância dos fatores capazes de incrementar o bem-estar quando se olha unicamente para a renda. É importante se preocupar em como tirar as pessoas da pobreza, mas é mais benéfico preocupar-se ao mesmo tempo com as habilidades adicionais que as pessoas precisam para levar uma vida mais satisfatória," conclui o pesquisador.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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