21/03/2023

Desmistificar mitos sobre a dor traz uma recuperação mais rápida

Redação do Diário da Saúde
Desmistificar mitos sobre a dor traz uma recuperação mais rápida
Crianças e adolescentes adotam suas próprias crenças para explicar dores insistentes. [Imagem: Hayley B. Leake et al. - 10.1002/ejp.2069]

Explicações para a dor

Quer se trate de dor de cabeça, dor abdominal ou dor nas articulações, até um terço dos jovens experimenta algum tipo de dor crônica.

Agora, os cientistas estão reunindo informações valiosas sobre como os jovens entendem a dor crônica, com o objetivo de ajudá-los a gerenciar melhor seus sintomas e bem-estar a longo prazo.

Compreender o que os pacientes pensam sobre a dor - a explicação que eles encontram para ela - pode ajudar a desmascarar os mitos da dor e identificar novos caminhos de tratamento.

A análise foi conduzida como parte de um estudo observacional envolvendo crianças e jovens de 11 a 17 anos, com acompanhamento de entrevistas de longo prazo (seis anos depois) desses agora adultos jovens com histórico de dor crônica na infância. Da coorte original, 229 completaram o estudo de acompanhamento de seis anos, com 189 (82,5%) continuando a relatar dor crônica.

O que causa minha dor?

Os pesquisadores descobriram que os jovens "adotam" várias crenças e explicações sobre sua própria dor:

  • Algo que está errado com seu corpo.
  • A dor se origina de alguma lesão que não cicatrizou.
  • A dor se deve a a nervos 'disparando' quando não deveriam.
  • A dor se deve a um sistema de estresse hiperativo.

"O que as pessoas pensam sobre a origem de sua dor é importante, mas crenças inúteis sobre a dor podem impedir que as pessoas acessem os melhores cuidados.

"O cuidado ideal para a dor crônica envolve movimento e terapia psicológica. No entanto, esses tratamentos podem parecer contra-intuitivos se você acha que sua dor se origina em danos nos tecidos.

"Se pudermos identificar o que os jovens pensam sobre a dor, podemos descobrir quais crenças são úteis e quais não são. Então, podemos usar esse conhecimento para fazer uma melhor educação sobre dor para os jovens, para que eles entendam por que se engajar nas melhores práticas de tratamento," disse a professora Hayley Leake, da Universidade do Sul da Austrália.

Explicações úteis e inúteis

Embora algumas das crenças manifestadas pelos adolescentes forneçam maneiras úteis de pensar sobre a dor, outras capturam equívocos sobre como a dor funciona, o que pode criar barreiras para que cada um receba o melhor tratamento.

"Podemos ver que alguns adultos jovens acreditam que a dor significa que seu corpo tem uma lesão não resolvida em algum tecido. Isso não é necessariamente o caso, já que a dor pode persistir quando os nervos se tornam hipersensíveis, apesar de não haver mais lesão no tecido corporal.

"Uma maneira de explicar isso aos jovens é comparando a dor crônica com os problemas do computador - o problema está no software, não no hardware.

"Substituir crenças inúteis sobre a dor por outras úteis é uma parte importante da recuperação. Em nosso estudo, alguns jovens foram capazes de descrever crenças úteis que ligam a dor crônica a um sistema nervoso e de estresse alterado.

"Ao aprender sobre a biologia da dor, hipersensibilidade nervosa e o papel do estresse, podemos ajudar as pessoas a entender por que as terapias de controle do estresse podem ajudar e por que o exercício é uma boa ideia," concluiu Hayley.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  https://diariodasaude.com.br./print.php?article=desmistificar-mitos-sobre-dor-traz-recuperacao-mais-rapida

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