03/08/2009 Descobertos fatores genéticos que explicam efeitos dos placebosMark Wheeler - Agência USPPlacebo e alterações genéticas Poucos dias depois que uma pesquisa questionou o uso do placebo para o teste de novos medicamentos, pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) descobriram que o placebo não induz apenas alterações psicológicas e fisiológicas no organismo, mas também alterações genéticas. O que é placebo? Os placebos são uma espécie de "simulação" - normalmente, meras pílulas de açúcar fabricadas para representar "nenhum tratamento" nos testes clínicos de novos medicamentos. A eficácia da medicação real é comparada com o placebo para determinar se o novo remédio funciona. Contudo, para algumas pessoas, o placebo funciona quase tão bem quanto a própria medicação. Quão bem o placebo funciona é algo que varia largamente de indivíduo para indivíduo. Permanece um mistério por que há essa variação individual e, afinal de contas, por que o placebo funciona. Os cientistas acreditam que se trata de alguma combinação de fatores biológicos e psicológicos. Neurotransmissores do "sentir-se bem" Agora, a equipe do Dr. Andrew Leuchter descobriu uma nova explicação: a genética. A pesquisa será publicada no exemplar de Agosto do Journal of Clinical Psychopharmacology. O Dr. Leuchter e seus colegas demonstraram que, em pessoas sofrendo de desordens depressivas graves, os genes que influenciam as rotas de gratificação do cérebro podem modular a resposta aos placebos. Acredita-se que os placebos agem estimulando as rotas centrais de gratificação do cérebro ao liberar uma classe de neurotransmissores chamados monoaminas, especificamente a dopamina e a norepinefrina. São estes os compostos químicos cerebrais equivalentes ao "sentir-se bem." Polimorfismos genéticos Como a sinalização química feita pelas monoaminas está sob forte controle genético, os cientistas levantaram a hipótese de que as variações genéticas comuns verificadas entre os indivíduos - chamadas de polimorfismos genéticos - poderiam influenciar a resposta ao placebo. Depois de estudar 84 pessoas diagnosticadas com desordens depressivas graves, os pesquisadores verificaram que os pacientes com atividades enzimáticas intensas no polimorfismo da monoamina oxidase A (MAO-A) apresentam uma resposta muito menor ao placebo do que pacientes com outros genótipos. O mesmo acontece, em menor intensidade, com a atividade enzimática no polimorfismo COMT (catecol-O- metiltransferase). Leuchter destaca que esta não é a explicação única para a resposta do organismo ao placebo, que provavelmente é causada por uma série de fatores, tanto biológicos quanto psicossociais. "Mas os dados sugerem que as diferenças individuais na resposta ao placebo são significativamente influenciadas pelo genótipo individual," conclui o pesquisador. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=descobertos-fatores-geneticos-explicam-efeitos-placebos A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |