11/05/2023

Curativo de celulose muda de cor se ferida infeccionar

Redação do Diário da Saúde

Como saber se há infecção no ferimento

Pesquisadores suecos usaram a celulose da madeira para criar um curativo que indica os primeiros estágios de uma infecção que possa começar a ocorrer em um ferimento.

No tratamento tradicional de feridas, os curativos são trocados regularmente, aproximadamente a cada dois dias. Para verificar se a ferida está infectada, a equipe de atendimento deve levantar o curativo e fazer uma avaliação com base na aparência e, eventualmente, em exames de laboratório.

Este é um procedimento doloroso, que atrapalha a cicatrização da ferida, já que a crosta se rompe repetidamente, e gera um paradoxo: Quanto mais vezes você mexe no ferimento, maior é o risco de infecção.

"Ser capaz de ver instantaneamente se uma ferida infeccionou, sem ter que levantar o curativo, abre caminho para um novo tipo de tratamento de feridas que pode levar a cuidados mais eficientes e melhorar a vida de pacientes com feridas difíceis de cicatrizar. E também pode reduzir o uso desnecessário de antibióticos," disse o Dr. Daniel Aili, da Universidade de Linkoping.

O curativo é feito de nanocelulose, com uma malha apertada, para, antes de tudo, impedir a entrada de bactérias e outros micróbios, mas deixando passar gases e líquidos, essenciais para a cicatrização da ferida.

A ideia é que, uma vez aplicado, o curativo permaneça durante todo o processo de cicatrização. Contudo, se a ferida infeccionar, o curativo simplesmente mudará de cor, revelando a necessidade de cuidados.

Curativo de celulose muda de cor se houver infecção
O curativo muda de cor, de amarelo para azul, quando o valor do pH passa de 7.
[Imagem: Olov Planthaber]

Curativo que muda de cor para mostrar infecção

As feridas não infectadas, que estão se curando normalmente, têm um valor de pH de cerca de 5,5. Quando ocorre uma infecção, a ferida torna-se cada vez mais básica, chegando a um valor de pH de 8 ou até mais.

Isso ocorre porque as bactérias na ferida mudam seus arredores para deixarem o ambiente adequado para seu crescimento. Um valor de pH elevado na ferida pode ser detectado muito antes de qualquer pus, dor ou vermelhidão, que são os sinais mais comuns de infecção.

Para fazer o curativo revelar um valor de pH elevado, os pesquisadores usaram o azul de bromotimol, o BTB, um corante que muda de cor de amarelo para azul quando o valor do pH ultrapassa 7. Para que o BTB pudesse ser usado no curativo sem ser comprometido, ele foi carregado em um material de sílica, com poros de apenas alguns nanômetros de tamanho.

O material de sílica pode então ser combinado com o material de curativo sem comprometer a nanocelulose. O resultado é um curativo que fica azul quando há uma infecção. Ainda assim, a equipe já está trabalhando em uma substância antimicrobiana, que possa ser inserida no próprio curativo.

As infecções de feridas são frequentemente tratadas com antibióticos que se espalham por todo o corpo. Mas, se a infecção for detectada em um estágio inicial, o tratamento local da ferida pode ser suficiente. "O uso de antibióticos torna as infecções cada vez mais problemáticas, já que as bactérias multirresistentes estão se tornando mais comuns. Se pudermos combinar a substância antimicrobiana com o curativo, minimizamos o risco de infecção e reduzimos o uso excessivo de antibióticos," disse Aili.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  https://diariodasaude.com.br./print.php?article=curativo-celulose-muda-cor-se-houver-infeccao

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