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28/03/2009
Coqueluche em São Paulo sobe 45% em um ano
Redação do Diário da Saúde
Antes da vacina
Entre 2007 e 2008, as notificações de coqueluche no Estado de São Paulo subiram
45%, passando de 159 para 231 casos. Do total de atingidos em 2008 por esta doença,
também conhecida por "tosse comprida", mais da metade (119 casos) foram bebês com
até dois meses de vida, que não têm idade para receber a vacina. Depois deles, as
maiores infectadas (25%) foram as crianças entre três e seis meses de idade (59),
que ainda não haviam completado o esquema de vacinação.
Na opinião de especialistas, como o médico Marco Aurélio Sáfadi, professor-assistente
de Infectologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo,
esses números sinalizam a importância de crianças maiores, adolescentes e adultos,
que convivem com as crianças pequenas, receberem as doses de reforço da vacina,
para que se mantenham imunes à infecção. "O
reforço é importante porque, com o passar do tempo, a pessoa perde a imunidade conferida
pela vacina", explica Marco Aurélio.
Tosse prolongada
A partir da idade escolar, a coqueluche geralmente se manifesta de forma atípica,
sem os sintomas clássicos - acessos prolongados de tosse, guinchos e falta de ar.
O doente muitas vezes tem apenas tosse prolongada, que é confundida com doenças
respiratórias mais leves. "Como não sabe que está com coqueluche, ele acaba transmitindo
a doença para as crianças, que ainda não tomaram a vacina ou foram parcialmente
imunizadas", ensina o médico.
Doença que se pega em casa
Estudo realizado no ano passado por oito hospitais e centros de pesquisas dos Estados
Unidos, Canadá e França, envolvendo 95 crianças e 404 parentes, amigos e babás,
demonstrou que até 83% dos responsáveis pela contaminação de bebês menores de seis
meses por coqueluche eram seus próprios familiares: os pais (55%), irmãos (16%),
tios (10%), amigos e primos (10%), avós (6%) e babás (2%). O trabalho foi publicado
no The Pediatric Infectious Diseases Journal, periódico oficial das sociedades européia
e norte-americana de Doenças Infecciosas Pediátricas.
Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche atinge por ano entre 20
a 40 milhões de pessoas no mundo, provocando até 400 mil mortes, segundo estimativas
da Organização Mundial da Saúde. As crianças menores de dois anos infectadas correm
o risco de desenvolver diversas complicações, principalmente pneumonia e insuficiência
respiratória aguda, que demandam internação. Essas complicações podem até causar
paradas respiratórias, capazes de deixar seqüelas mentais e motoras por causa da
falta de oxigenação do cérebro.
Doença do presente
A pediatra e infectologista Luíza Helena Arlant Falleiros-Carvalho, do Núcleo Consultivo
do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, faz também
uma outra leitura sobre a curva ascendente de notificações de coqueluche em São
Paulo. Ela lembra que há doenças, como a coqueluche, com picos de incidência a cada
quatro ou seis anos, o que explicaria o súbito aumento de registros oficiais. Também
não descarta a possibilidade de as notificações terem crescido, porque os médicos
estão mais atentos para a "tosse comprida".
"Nos jovens e adultos, a subnotificação ocorre porque muitos médicos pensam que
a coqueluche é uma doença do
passado ou que as pessoas vacinadas estão imunes para o resto da vida", observa.
Além disso, alguns testes laboratoriais para a detecção da doença - como o da sorologia
- não são padronizados e estão sujeitos a falhas.
Subnotificação
A dificuldade do diagnóstico, aliada à falta de informações precisas, seria um dos
motivos pelos quais no Brasil a maior parte dos casos registrados envolve menores
de um ano. "Nos países desenvolvidos, detecta-se a doença em todas as faixas etárias.
Será que no nosso país a coqueluche só atinge as crianças ou o que ocorre é uma
subnotificação da doença em adolescentes e adultos?", indaga a médica. Certamente
os casos em crianças maiores, adolescentes e adultos não são
diagnosticados e, portanto, são subnotificados.
Na análise do infectologista Marco Aurélio Safadi, a grande preocupação em relação
aos casos em crianças maiores, adolescentes e adultos é que estes indivíduos podem
contagiar justamente as crianças pequenas, ainda não imunizadas ou apenas parcialmente
imunizadas, nas quais a doença apresenta maior repercussão clínica.
Reforço da vacina prolonga imunidade
As vacinas contra coqueluche, tétano, difteria e poliomielite devem ser dadas em
três doses nos primeiros dois, quatro e seis meses de vida do bebê. O primeiro reforço
é indicado aos 15 meses. Para prolongar a duração da imunidade contra coqueluche,
tétano, difteria e poliomielite, o Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam o segundo
reforço entre os 4 e 6 anos.
A Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi-Aventis, disponibiliza no Brasil
a única vacina combinada capaz de oferecer, com uma só dose, o segundo reforço adequado
contra difteria, tétano, coqueluche e poliomielite para crianças de cinco a 13 anos.
É a
vacina conhecida internacionalmente como Tetraxim. Desenvolvida com tecnologia de
ponta, esta vacina já vem pronta para uso - 100% líquida na seringa, o que facilita
a administração. Por proteger contra mais de uma doença, simplifica o esquema de
imunização e estimula os pais a seguirem corretamente o calendário determinado pelos
médicos.
Vacina acelular
Graças a uma sofisticada técnica de purificação, o componente contra coqueluche
de sua formulação é acelular: tem apenas os fragmentos da bactéria causadora da
doença, a Bordetella pertussis, que estimulam a produção de anticorpos. Alguns elementos
geradores das reações adversas são descartados.
A pediatria Lucia Bricks, doutora em medicina pela USP e gerente médica da Sanofi
Pasteur, a divisão vacinas da Sanofi Aventis, informa que em estudo (ainda não publicado),
realizado em Curitiba, no Paraná, mais de um terço das crianças matriculadas na
1a série do Ensino Fundamental de escolas privadas não haviam recebido o segundo
reforço das vacinas contra coqueluche.
"Como a vacina utilizada na rede publica é composta por células inteiras e só pode
ser administrada em crianças com menos de 7 anos, esta nova vacina da Sanofi Pasteur
seria uma excelente opção para se evitar a coqueluche em escolares, que não receberam
a dose de reforço na data apropriada", declara a médica. Por ser formulada com vírus
inativados (mortos) da poliomielite, ela também induz altos títulos de anticorpos
contra os três vírus da doença, possivelmente propiciando proteção mais prolongada
em comparação com a vacina oral.
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=coqueluche-em-sao-paulo-sobe-45-em-um-ano
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