14/04/2020 Comunidade científica precisa se unir para compreender melhor os vírusRedação do Diário da Saúde
Esta imagem feita com microscópio eletrônico de transmissão mostra o SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19.[Imagem: NIAID-RML]
Como os vírus se espalham? Ainda se sabe muito pouco sobre como se espalha pelo ambiente - e entre pessoas e animais - o SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19. Uma das principais razões para isso é que os comportamentos e características dos diversos vírus são altamente variáveis - alguns se espalham mais facilmente pela água, outros pelo ar; alguns são embrulhados em camadas de moléculas gordurosas que os ajudam a evitar o sistema imunológico de seus hospedeiros, enquanto outros são "nus"; alguns vivem mais tempo, outros menos etc. Isso torna urgente que engenheiros e cientistas ambientais colaborem com a comunidade médica na identificação de características virais e ambientais que afetam a transmissão por superfícies, ar e fluidos corporais, alertam Alexandria Boehm (Universidade de Stanford) e Krista Wigginton (Universidade de Michigan). As duas pesquisadoras estão fazendo um chamado à comunidade científica por uma abordagem mais ampla, mais quantitativa e de longo prazo, que permita estudar e entender como os vírus se espalham pelo ambiente - não apenas o SARS-CoV-2, mas todos eles, conhecidos ou que ainda emergirão. Como um vírus vive no ambiente? Entre os hiatos de conhecimento que estão por ser preenchidos, as duas pesquisadoras destacam que cientistas e médicos não entendem quais características e fatores ambientais de cada vírus controlam a persistência desse vírus no ambiente - por exemplo, em aerossóis e gotículas, em superfícies que incluem pele e água, incluindo água do mar. "Quando um novo vírus emerge e representa um risco para a saúde humana, não temos uma boa maneira de prever como ele se comportará no ambiente," resume Boehm. Só recentemente se descobriu que os vírus são muito mais variáveis do que os cientistas pensavam. [Imagem: Antoni Luque/Reidun Twarock] Parte do problema é que, historicamente, tem sido muito limitado o financiamento para esse tipo de pesquisa - órgãos financiadores de nenhum país têm um histórico de financiar pesquisas sobre patógenos no meio ambiente, a não ser quando o patógeno já se tornou um problema emergencial de saúde pública. Além disso, os coronavírus e a maioria dos vírus emergentes que chamaram a atenção do mundo na última década são vírus envoltos em uma camada externa de moléculas lipídicas gordurosas que roubaram de seus hospedeiros. As proteínas na superfície dos envelopes virais podem ajudar esses vírus a escapar do sistema imunológico dos organismos que estão infectando. "Tem havido muito mais trabalho sobre o destino de vírus não envelopados ou nus porque a maioria dos patógenos intestinais nos excrementos são vírus não envelopados - como norovírus e rotavírus," explica Wigginton. Estudando o leite derramado Em termos gerais, Wigginton e Boehm escrevem em seu artigo, a comunidade científica tende a estudar vírus muito intensamente quando há um surto, mas os resultados de um vírus não são facilmente extrapoláveis para outros vírus que surgem anos depois. "Se adotássemos uma abordagem mais ampla para estudar muitos tipos de vírus, poderíamos entender melhor as características que direcionam seu destino ambiental," disse Wigginton. As duas pesquisadoras exortam os especialistas em vários campos - incluindo medicina e engenharia - para trabalharem em conjunto para desenvolver novos métodos, fazer descobertas e formular estratégias que não seriam possíveis de serem feitas por trabalhos de cada especialidade de forma independente. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=comunidade-cientifica-precisa-se-unir-compreender-melhor-virus A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |