30/10/2020

Comportamento não saudável dos outros tem mesmo efeito que cheiro ruim

Redação do Diário da Saúde
Comportamento não saudável dos outros tem mesmo efeito que cheiro ruim
Parte do cérebro humano que mais contribui para a previsão de dor (à esquerda, áreas laranja) e nojo olfativo (à direita, pequenas áreas azuis).[Imagem: UNIGE/Corradi-Dell'Aqua]

Julgamento, nojo e dor

As pessoas tipicamente julgam com severidade comportamentos de outras pessoas que prejudicam a saúde delas próprias. De fato, essas avaliações dos comportamentos alheios não saudáveis desencadeiam julgamentos morais semelhantes às emoções básicas que usamos para garantir nossa própria sobrevivência.

Os cientistas têm levantado duas hipóteses diferentes quanto à identidade dessas emoções: Alguns deles destacam que seria o nojo - ou repulsa - a emoção gerada em alguém que avalia o outro por seus descuidos com a própria saúde, enquanto outros dizem que a emoção é simplesmente a dor.

A repulsa é uma emoção básica ligada à nossa capacidade de sobrevivência. O cheiro fornece informações sobre o frescor dos alimentos, enquanto o nojo sinaliza que precisamos tomar medidas para evitar uma fonte potencial de envenenamento.

Seguindo o mesmo princípio, a dor nos ajuda a lidar com qualquer lesão que possamos sofrer, ativando nossos reflexos de retração. Os psicólogos acreditam que esses tipos de reflexos de sobrevivência podem entrar em ação em resposta ao mau comportamento de outras pessoas.

O que os pesquisadores descobriram agora é que a expressão "Isso não está me cheirando bem" tem um valor que vai bem além de uma simples metáfora.

Isso não está me cheirando bem

Depois de desenvolver uma nova abordagem para fazer imagens cerebrais e verificar como as emoções emergem no cérebro, uma equipe da Universidade de Genebra (Suíça) acaba de anunciar que seus dados dão suporte aos teóricos que defendem a repulsa como a emoção básica nesses casos.

E a conexão do julgamento moral com o nojo parece não deixar margem a dúvidas: Ocorre que, curiosamente, a equipe descobriu que comportamentos prejudiciais à saúde desencadeiam respostas cerebrais semelhantes às provocadas por cheiros ruins.

"É difícil inferir dor e repulsa a partir da atividade neural, já que essas duas experiências geralmente recrutam as mesmas áreas cerebrais. Para dissociá-las, tivemos que medir a atividade neuronal global por meio de ressonância magnética, em vez de focar em regiões específicas," contou o professor Corrado Dell'Acqua.

Assim, a equipe adotou uma técnica que permite prever nojo e dor a partir da atividade cerebral geral, a partir de biomarcadores específicos.

Usando essa ferramenta, eles conseguiram provar que a resposta geral do cérebro à repulsa foi influenciada pelo julgamento moral anterior. Mais uma vez, os julgamentos morais estão de fato associados ao nojo.

"Além dessa importante descoberta para a psicologia, este estudo foi a ocasião para o desenvolvimento de um protótipo de biomarcador para nojo olfativo. É um passo duplo à frente!" concluiu Dell'Acqua.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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