10/08/2021

Cientistas revertem perda de memória pela idade em cobaias

Redação do Diário da Saúde
Cientistas revertem perda de memória pela idade em cobaias
Embora o estudo tenha sido feito em cobaias - a foto mostra neurônios de camundongos - o mesmo mecanismo ocorre em humanos.[Imagem: University of Cambridge]

Perda de memória com a idade

Cientistas das universidades de Cambridge e Leeds (Reino Unido) conseguiram reverter a perda de memória relacionada à idade em camundongos, e dizem que sua descoberta pode levar ao desenvolvimento de tratamentos para prevenir a perda de memória em pessoas à medida que elas envelhecem.

A equipe demonstrou que mudanças na matriz extracelular do cérebro - os "andaimes" em torno dos neurônios - levam à perda de memória com o envelhecimento, mas que é possível reverter isso usando tratamentos genéticos.

Pesquisas recentes mostraram o papel das redes perineuronais (RPNs) na neuroplasticidade - a capacidade do cérebro de aprender e se adaptar - e de criar memórias.

As RPNs (redes perineuronais) são estruturas semelhantes à cartilagem que circundam principalmente os neurônios inibitórios no cérebro. Sua principal função é controlar o nível de plasticidade do cérebro. Elas aparecem por volta dos cinco anos de idade nos humanos e desligam o período de maior plasticidade, durante o qual as conexões no cérebro são otimizadas. Em seguida, a plasticidade é parcialmente desligada, tornando o cérebro mais eficiente, mas menos plástico.

As RPNs contêm compostos conhecidos como sulfatos de condroitina. Alguns deles, como o 4-sulfato de condroitina, inibem a ação das redes neurais, inibindo a neuroplasticidade; outros, como o condroitina 6-sulfato, promovem a neuroplasticidade. À medida que envelhecemos, o equilíbrio desses compostos muda e, à medida que os níveis de condroitina 6-sulfato diminuem, nossa capacidade de aprender e formar novas memórias muda, levando ao declínio da memória relacionado à idade.

Restauração da memória

Sujeong Yang e seus colegas queriam verificar se a manipulação da composição do sulfato de condroitina das RPNs conseguiria restaurar a neuroplasticidade e aliviar os défices de memória relacionados à idade.

A equipe tratou os camundongos idosos usando um "vetor viral", um vírus capaz de reconstituir a quantidade dos sulfatos de condroitina 6-sulfato nas RPNs e descobriu que ele restaurou completamente a memória nos camundongos mais velhos, a um nível semelhante ao observado nos camundongos mais jovens.

"Vimos resultados notáveis quando tratamos os camundongos idosos com este tratamento. A memória e a capacidade de aprender foram restauradas a níveis que [os animais] não apresentavam desde que eram muito mais jovens," disse a Dra. Jessica Kwok.

"O que é empolgante nisso é que, embora nosso estudo tenha sido apenas em camundongos, o mesmo mecanismo deve operar em humanos - as moléculas e estruturas do cérebro humano são as mesmas dos roedores. Isso sugere que pode ser possível prevenir os humanos de desenvolver perda de memória na velhice," acrescentou o professor James Fawcett.

Medicamento já aprovado

Melhor ainda, a equipe já identificou um medicamento em potencial, licenciado para uso humano, que pode ser tomado por via oral e inibe a formação das RPNs.

Quando este composto foi dado a camundongos e ratos, ele conseguiu restaurar a memória no envelhecimento e também melhorou a recuperação em lesões da medula espinhal. Os pesquisadores estão investigando se isso pode ajudar a aliviar a perda de memória em modelos animais da doença de Alzheimer.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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