24/04/2024

Cientistas do Brasil e da Índia criam tratamento contra tumores sólidos

Redação do Diário da Saúde
Cientistas do Brasil e da Índia criam tratamento contra tumores sólidos
As nanomicelas quiméricas são compostas por fosfolipídios (NMs), docetaxel (DTX), substância usada para matar as células tumorais, e o anti-inflamatório dexametasona (DEX) .[Imagem: Poonam Yadav et al. - 10.1016/j.jconrel.2024.03.009]

Micelas quiméricas

Uma equipe de cientistas brasileiros e indianos desenvolveu uma alternativa para o tratamento dos tumores sólidos por meio da inibição do chamado microambiente tumoral inflamatório.

Tumores sólidos costumam ser os tipos de câncer de tratamento mais desafiador por causa da dificuldade de fazer com que os fármacos penetrem em seu interior. O microambiente tumoral inflamatório, onde os tumores estão alojados, contém várias células e substâncias do próprio paciente que impedem as células de defesa de combater o tumor.

"Há sempre um cabo de guerra entre células imunológicas promotoras e inibidoras de tumores no microambiente tumoral inflamatório, onde metabólitos, mediadores lipídicos, citocinas e quimiocinas desempenham um papel importante no domínio da natureza imunossupressora," escreveu a equipe.

"Muitas vezes essas células e moléculas ajudam o tumor a crescer e, por isso, dizemos que ele escapa da vigilância do sistema imune," explicou a professora Lúcia Faccioli, da USP (Universidade de São Paulo).

A equipe então desenvolveu nanomicelas - partículas muito pequenas, medindo entre 1 e 100 nanômetros - compostas de diferentes substâncias, por isso chamadas de quimeras. As nanomicelas quiméricas são compostas por fosfolipídios (NMs), docetaxel (DTX), substância usada para matar as células tumorais, e dexametasona (DEX), um anti-inflamatório muito empregado para diminuir a produção de várias substâncias inflamatórias, como a prostaglandina E2 (PGE2).

Múltiplos benefícios

Os estudos em animais de laboratório mostraram que essas partículas, ministradas por via intravenosa, foram muito eficientes, diminuindo o tamanho dos tumores e aumentando a sobrevida dos animais: Os não tratados morreram sempre ao redor de 28-30 dias, mas os tratados sobreviveram até 44-50 dias.

"O tratamento induziu uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados no modelo de câncer de cólon," detalha Avinash Bajaj, do Centro Regional de Biotecnologia de Faridabad (Índia).

As nanomicelas reduziram e alteraram as células presentes ao redor do tumor, aquelas que impedem a ação do sistema imune, favoreceram o aumento de tipos específicos de leucócitos que matam células tumorais e também inibiram a liberação de PGE2, substância inflamatória presente no microambiente tumoral que diminui a ação antitumoral de determinadas células de defesa.

"Embora esses estudos tenham sido feitos em animais, os resultados são muito promissores e abrem possibilidades de estudos em humanos, já que as partículas são formadas por compostos já aprovados para utilização humana," comemora Lúcia.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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