27/03/2015

Cérebro humano não envelhece como cientistas acreditavam

Redação do Diário da Saúde

Ressonância magnética funcional

Os cérebros das pessoas mais velhas são mais parecidos com os cérebros das pessoas mais jovens do que os cientistas acreditavam - não existe um declínio cognitivo na magnitude descrita nos estudos realizados até agora.

Isto porque o principal exame usado nos estudos sobre o envelhecimento do cérebro - a ressonância magnética funcional, ou fMRI - pode não ser a ferramenta mais adequada para isso.

Na verdade, as diferenças encontradas pelo exame entre os cérebros mais jovens e mais velhos parecem ser devidas a alterações vasculares (nos vasos sanguíneos), e não devidas a mudanças na própria atividade neuronal, como os cientistas vêm interpretando.

Dado o grande número de estudos que utilizam a ressonância magnética funcional para avaliar o envelhecimento do cérebro, esta descoberta tem consequências importantes para a compreensão de como o cérebro muda com a idade e desafia as atuais teorias do envelhecimento, largamente elaboradas com base nesses mesmos experimentos.

Mudanças vasculares, não cognitivas

Um problema fundamental da fMRI é que ela mede a atividade neural indiretamente, por meio de mudanças no fluxo sanguíneo de cada região do cérebro.

Assim, sem uma correção cuidadosa e bem feita das mudanças vasculares que ocorrem com a idade, as diferenças nos sinais captados pela ressonância magnética funcional podem ser erroneamente consideradas como diferenças neuronais.

A equipe do Dr. Kamen Tsvetanov, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), mostrou agora que as diferenças de idade na amplitude do sinal da fMRI durante a execução de uma tarefa - é assim que são feitos os estudos sobre o envelhecimento do cérebro e muitos outros - têm origem vascular, e não neuronal.

Os resultados também questionam alegações anteriores de que a atividade cerebral se reduz com a idade nas regiões visual e auditiva durante a execução de tarefas sensório-motoras simples.

"Estes resultados mostram claramente que, sem tais métodos de correção, os estudos de ressonância magnética funcional sobre os efeitos da idade sobre a cognição podem interpretar incorretamente os efeitos da idade como sendo cognitivos, em vez de fenômenos vasculares," disse Tsvetanov.

Salvando os estudos

O pesquisador ressalta que isso não significa que será necessário jogar fora os estudos que não adotaram medidas de calibração 'padrão ouro' dos exames de ressonância magnética funcional.

Segundo ele, esses estudos podem ser salvos usando os dados do estado de repouso do cérebro dos voluntários - nos casos que esses dados estiverem disponíveis - como uma alternativa adequada à calibração.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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