12/09/2022 Cérebro tem sensor que detecta a infecção por maláriaRedação do Diário da Saúde
Um composto liberado pelo próprio parasita dispara o sistema de alarme do cérebro. [Imagem: Teresa F. Pais et al. - 10.1073/pnas.2206327119]
Malária cerebral As células endoteliais do cérebro são capazes de sentir a infecção pelo parasita da malária numa fase muito precoce. Elas detectam a infecção através de um sensor localizado no seu interior, que dispara uma cascata de eventos, começando pela produção de interferon-β. Em seguida, as células endoteliais liberam uma molécula sinalizadora que atrai células do sistema imunológico até o cérebro, o que dá início ao processo inflamatório. A descoberta, feita por Teresa Pais e colegas do Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal), apresenta novos alvos terapêuticos para a malária. "O passo seguinte será tentar inibir a atividade deste sensor no interior das células endoteliais e perceber se conseguimos atuar na resposta do hospedeiro e impedir toda a patologia que é causada no cérebro numa fase mais inicial," explicou o professor Carlos Gonçalves, líder da equipe. "Se usássemos inibidores do sensor em paralelo com os antiparasitários, talvez conseguíssemos evitar a perda de função de neurônios e as sequelas neurológicas, que são um grande problema para as crianças que sobrevivem à malária cerebral." A malária cerebral é uma complicação grave da infecção por Plasmodium falciparum, o mais letal dos parasitas que causam malária. Alvo terapêutico Os pesquisadores utilizaram um sistema de edição genética que lhes permitiu eliminar o sensor em vários tipos de células. Quando eliminaram esse sensor nas células endoteliais do cérebro, os animais de laboratório passaram a não desenvolver sintomas tão agressivos, nem tampouco morriam da infecção. Mas o que mais surpreendeu foi o fator que ativa o sensor e desencadeia esta resposta nas células: Nada mais nada menos do que um subproduto resultante da atividade do próprio parasita. Uma vez na circulação sanguínea, o parasita invade os glóbulos vermelhos do hospedeiro, onde se multiplica, digerindo a hemoglobina, uma proteína que transporta oxigênio, para obter nutrientes. Neste processo forma-se uma molécula chamada heme, que pode ser transportada na corrente sanguínea no interior de partículas que são absorvidas pelas células endoteliais. Quando isto acontece, o heme funciona como um alarme para o sistema imunológico. "Não estávamos à espera que o heme pudesse chegar ao interior das células desta forma e ativar a resposta de interferon-βnas células endoteliais", confessa Teresa. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=cerebro-detecta-infeccao-malaria A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |