08/03/2018

Células nervosas sofrem metamorfose para curar ferimentos

Redação do Diário da Saúde
Células nervosas sofrem metamorfose para curar ferimentos
As células da glia se transformam em ajudantes essenciais para a cicatrização dos ferimentos (wound: lesão, ferida). [Imagem: Vadims Parfejevs et al. - 10.1038/s41467-017-01488-2]

Como os ferimentos cicatrizam

Estancar sangramentos e curar ferimentos na pele não é assunto apenas das plaquetas - as células nervosas na pele têm um papel importante na cura e cicatrização das feridas.

Foi o que descobriram Vadims Parfejevs e seus colegas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (Suíça).

Um passo essencial na cicatrização de ferimentos na pele é o fechamento da ferida, e é por isso que, logo após a ocorrência de uma lesão, o sangue coagula e sela a ferida.

Contudo, para que a lesão seja capaz de curar de forma permanente, as camadas afetadas da pele precisam novamente se formar.

Para que isso aconteça, deve haver uma complexa interação entre os vários tipos de células da nossa pele - e esse mecanismo está longe de ser totalmente compreendido pela ciência.

Parfejevs e seus colegas agora conseguiram mostrar que as células nervosas periféricas desempenham um papel central nesse processo de cicatrização ao passar por uma completa transformação de identidade.

Metamorfose das células gliais

Quando ocorre uma lesão, as células gliais - células do sistema nervoso central que dão suporte e fornecem nutrição aos neurônios - transformam-se em células reparadoras e se disseminam no ferimento, ajudando a regenerar a pele.

Sempre houve indícios de que, para uma cicatrização ótima, um tecido precisa ser inervado, ou seja, a cicatrização não vai tão bem onde o tecido não é farto em nervos. A razão para isso, entretanto, não era clara.

Com a ajuda de um modelo animal, os pesquisadores descobriram que os finos feixes de nervos mudam drasticamente se forem feridos na ocorrência de uma lesão na pele.

As células ao longo dos feixes de nervos lesionados, as células da glia, mudam sua identidade original e são reprogramadas para reparar células. Elas, assim, perdem seu contato com os feixes de nervos e se disseminam no local da ferida.

"Lá, elas distribuem um coquetel diversificado de fatores, que dão suporte à cicatrização da ferida." explicou o professor Lukas Sommer, coordenador da equipe.

"Agora queremos trabalhar em conjunto com médicos do Hospital Universitário de Zurique para caracterizar melhor os fatores de cicatrização das feridas que são distribuídos pelas células nervosas. Isso pode levar a um tratamento eficaz para feridas crônicas no futuro," finalizou Sommer.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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